As opções de crédito com duplicata
Os empréstimos que têm duplicatas como garantia ganham espaço em tempos como os atuais, de crédito caro e escasso. Para não se submeter às crescentes exigências de garantia, as empresas têm nas duplicatas recebidas por vendas realizadas uma alternativa cada vez mais interessante para conseguir dinheiro.
O empresário precisa estar atento, no entanto, às diferenças das duas operações com base em duplicatas: desconto desses papéis no banco e venda dos títulos para uma factoring.
Taxas empatam
Um dos primeiros itens a serem levados em consideração pelo empresário são os juros. O adiantamento de recursos com base em duplicatas por instituição não-financeira – o factoring – costuma ser mais caro que o desconto dos bancos. No momento, no entanto, as taxas estão equivalentes.
Em dezembro, a taxa média calculada pela Associação Nacional de Factoring (Anfac) foi de 4,38%, enquanto que a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) garante que a taxa média de desconto de duplicata no mesmo período foi de 4,34%.
Outro ponto que o empresário deve levar em conta é a diferença entre as instituições que dão o financiamento. O banco usa recursos de terceiros para fazer suas operações, inclusive de desconto de duplicata.
Na factoring, as operações com duplicatas não são operações de crédito, mas de compra, à vista, de títulos resultantes de venda de produtos.
A compra desses créditos a receber é feita com recursos próprios, mediante preço acertado. Como há a compra do título, o risco de o emissor não honrar o pagamento é assumido integralmente pela factoring.
O direito de devolver o título ao cliente acontece quando há problemas na entrega da mercadoria ou qualquer outra razão em que a venda não for formalizada.
No desconto de duplicatas nos bancos, o dinheiro adiantado deve ser devolvido à instituição financeira. As duplicatas são a garantia da operação e, não havendo o pagamento do título, o banco devolve o papel para o cliente e debita da conta deste o valor já antecipado.
Cada caso é um caso
“As necessidades do empresário determinarão qual a melhor opção para o empreendimento: se fazer a venda da duplicata na empresa de fomento mercantil ou o desconto no banco”, afirma o advogado especialista em factoring, Antonio Carlos Donini.
Por não ter fiscalização do Banco Central, muitos agiotas se utilizam do nome factoring para fazer empréstimos a taxas altíssimas. Segundo Antônio Carlos Donini, no entanto, não é difícil para o empresário diferenciar o factoring do agiota e ?fugir? dele.
“O primeiro passo é verificar a estrutura física do local de atendimento. Agiotas não costumam ter empresas com diversos funcionários, como o operador de factoring”, afirma. “Afinal, ele quer o dinheiro todo para si. Outro ponto é o local, os sistemas de computador, os registros das operações”.
Donini afirma ainda que as factorings idôneas fazem contratos legais das operações, ao contrário dos agiotas. “Uma empresa séria irá documentar todas as decisões, compra de títulos e prestação de serviços. O agiota não tem essa preocupação, nem essa finalidade”, disse.
Um ponto também a ser considerado é o preço praticado. As factorings sérias seguem o mercado, enquanto os agiotas estão preocupados em ganhar dinheiro. “Factoring não empresta dinheiro, não financia carro: compra duplicatas ou dá assessoria na gestão da empresa. O empresário precisa lembrar-se disso”, alerta.
Paula Freitas