Aproveite o atual cenário para investir
Apesar do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que acena com ajuda financeira de US$ 30 bilhões, dos quais US$ 6 bilhões poderão ser liberados ainda este ano ao País, persiste um fator de instabilidade nos mercados: as eleições presidenciais. Causa certo desconforto a vantagem que dois candidatos da oposição – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS) – sustentam, com ampla margem, sobre o do governo – José Serra (PSDB).
O grande temor dos investidores é que um candidato da oposição, se vitorioso, venha a questionar a dívida pública. Boa parte dos títulos que lastreiam essa dívida compõe as carteiras dos fundos de investimento, como os de renda fixa e DIs.
O diretor-presidente da Money Maker Investment Advisory, Fabio Colombo, diz que por esse motivo e porque as ações estão historicamente muito baratas este é o momento de diversificar o investimento entre a Bolsa e as aplicações de renda fixa. “E ficar atento ao dólar; se o preço voltar a cair, pôr parte do dinheiro em fundo cambial ou comprar um pouco de ouro”, afirma Colombo.
Ancorados na renda fixa
Colombo comenta que os fundos de pensão estão com boa parte dos recursos ancorados em renda fixa e, se houver um aumento de incertezas com a dívida pública, poderão migrar para a Bolsa. É por aí que ele aposta em valorização das ações, qualquer que seja o vitorioso nas urnas.
“Se ganhar um candidato da oposição, o medo de um possível calote poderá empurrar o investidor para a Bolsa de Valores, que teria uma alta defensiva; se ganhar o Serra (José Serra, candidato governista), será o otimismo de mercado que fará com que as ações subam”, diz Colombo.
Aposta de baixo risco
Ele lembra que a Bolsa pode cair mais, por ser renda variável.
Mas diz também que, nesses dois cenários, ela é uma aposta de baixo risco, com boas possibilidades de ganho no médio e longo prazo. “O investidor tem de agir rápido, é essa a hora de investir na Bolsa.”
O mais indicado, sugere, é que o investidor ponha o dinheiro em um fundo de ações passivo, que tem uma taxa de administração menor, não cobra a de performance e, por seguir a variação do Índice Bovespa (Ibovespa), possibilita uma diversificação mais ampla da carteira. Outro apelo desses fundos é que, por conterem papéis de primeira linha altamente deprimidos, reagem mais rapidamente à onda de alta. “O investidor deve procurar um fundo administrado por instituições financeiras tradicionais.”
O dinheiro reservado à renda fixa pode ser dividido entre os fundos DI e os de renda fixa: 70% dos recursos no DI e o restante num fundo de renda fixa com títulos de curto prazo. “Os prêmios (margem de juro acima da taxa básica de 18%) dos juros futuros estão encolhendo e isso favorece os fundos de renda fixa.” Colombo diz que uma opção entre os DI são os fundos de curto prazo conservadores, surgidos na esteira da crise dos fundos provocada pela exigência de marcação a mercado. “São fundos que seguem o DI, mas rendem pouco menos que a taxa básica de juros.” A vantagem é que, por estarem amarrados a operações compromissadas de compra de título com revenda por um dia, as cotas não oscilam na dança da marcação a mercado.
Tom Morooka