O ano eleitoral promete fortes emoções e elevada instabilidade para o mercado financeiro. Esse é o cenário desenhado pelos especialistas em investimento que deve ser levado em conta pelo aplicador para a tomada de decisões.
Apesar desta incerteza, a tendência de queda dos juros, combinada com um quadro de manutenção de fundamentos positivos na economia doméstica e de redução do grau de estresse com o cenário externo, leva a uma aposta na valorização das ações, com fortes oscilações. A queda dos juros costuma levar mais investidores para o mercado acionário.
A disputa eleitoral deve provocar fortes oscilações principalmente no Índice Bovespa, que indica a média de variações de preços das principais ações da Bolsa de Valores de São Paulo. Entre as ações de segunda linha, que têm menor liquidez que as de primeira linha, no entanto, as oscilações devem ser menores, dizem os analistas ouvidos pelo jornalista Tom Morooka.
O diretor de Renda Variável da Bradesco Asset Management (Bram), Herculano Alves, afirma que não faltam motivos para otimismo, segundo reportagem de Paulo Pinheiro. O principal deles é a perspectiva de melhora da economia norte-americana. “Se confirmada, a retomada da expansão econômica dos Estados Unidos tende a impulsionar a economia mundial, sobretudo a dos países emergentes, entre eles, o Brasil.” O gerente de Investimento da Sociedade Corretora Paulista (Socopa), Gregório Mancebo Rodriguez, concorda com a avaliação e diz que, no Brasil, os setores que deverão apresentar os melhores resultados são os de energia, de telecomunicações e de alimentos.
As ações de segunda linha estão bem e devem continuar muito bem, prevê o responsável pela Divisão Private Banking do Sudameris, Eduardo Santalúcia. São ações que podem até tirar proveito das eleições, porque as incertezas políticas sempre levam o investidor a procurar ativos reais, entre eles as ações, comenta Santalúcia, que prevê também aumento no interesse por imóveis.
O diretor da Hedging-Griffo Asset Management, Luís Stuhlberger, aposta também em ações, mas considera importante a escolha do momento para entrar na Bolsa. “Se o favorito na corrida presidencial for um candidato sério, sem populismo, comprometido com as reformas e continuidade da política econômica e redução da fragilidade das contas externas, o investidor teria muito a ganhar antecipando a compra de ações e títulos da dívida externa via Fiex (Fundos de Investimento no Exterior).”
Os Fiex são fundos que investem, no mínimo, 80% do patrimônio em títulos emitidos pelo governo no exterior, incluindo os papéis da dívida externa renegociada. A vantagem desse investimento, na opinião do diretor de Produtos de Investimento do Itaú, Alexandre Zakia Albert, é que o investidor aplica e resgata em reais e o administrador da carteira é o responsável pelo envio do dinheiro e pela compra de ativos lá fora, segundo reportagem de Andréa Botelho.
Duas condições favorecem o desempenho do Fiex neste momento: a valorização do dólar e o avanço da cotação dos papéis brasileiros no exterior, com a melhora da percepção do risco Brasil pelo investidor externo. O momento é muito interessante para entrar num Fiex, afirma Luís Sthulberger. Em geral, o ganho desses fundos é mais atraente que o dos fundos cambiais, porque os títulos têm prazos mais longos.
Analistas recomendam diversificação
Os analistas reforçam também que o aplicador não deve deixar de ter uma reserva aplicada no mercado de renda fixa. “É como se diz por aí, não pôr os ovos todos na mesma cesta, para contrabalançar eventuais perdas em um mercado com ganho em outro”, afirma o diretor-superintendente da Bradesco Asset Management (Bram), Robert John van Dijk. Ele também lembra que cada investidor precisa traçar seu próprio perfil, antes de escolher suas aplicações. É importante que o investidor defina o risco que aceita correr e o prazo do investimento, afirma o diretor da Bram.