A venda de alimentos e bebidas nas bonbonnières, também chamadas de lanchonetes ou snack bars já representam até 35% da receita dos cinemas. Deste montante, a pipoca e o refrigerante ” os produtos mais vendidos na hora de encarar a ?telona? ” chegam a significar até 25% do faturamento total. Para incentivar o consumo, as redes apostam em novidades, promoções e em ações estratégicas, como carrinhos nas salas e vendas nos corredores.
Na rede de cinemas Haway, que possui 36 salas de cinema espalhadas em shoppings do Estado de São Paulo, nas cidades de Campinas, São José do Rio Preto e na Capital, a venda nas 17 bonbonnières representa 35% da receita total da rede. No local, são comercializados cerca de 40 itens, que variam de acordo com o gosto e o poder aquisitivo do público onde as salas de cinema estão instaladas. A pipoca e o refrigerante são responsáveis por até 25% do faturamento.
“Fazemos constantes pesquisas de mercado junto a consumidores para saber qual a preferência do cliente e graças a este estudo, as vendas nas bonbonnières, subiram de 20% para 35% de um ano para outro”, explica Renato Baptista da Luz, diretor de marketing do Haway. Segundo ele, a rede procura sempre trabalhar com algum tipo de promoção, como os combos, para impulsionar as vendas ele montou, na lanchonete do Raposo Shopping, em São Paulo, um café, onde são comercializados salgados e doces mais sofisticados. Ele calcula que, do público consumidor das bonbonnières, cada pessoa, gaste, em média, entre R$ 2 e R$ 2,5.
De acordo com Baptista, o fato de a maioria das salas da rede ficarem próximas à praça de alimentação dos shoppings não influi na venda. “Muita gente fica na praça antes do filme e mesmo assim consome. A pipoca e o refrigerante fazem parte do espetáculo”, ressalta.
Esta não é a opinião de Elisa Machado, gerente de marketing da Hoyts General Cinema, que possui um complexo com 15 salas no Internacional Shopping, em Guarulhos. “As salas ficam à aproximadamente 150 metros da Praça de Alimentação e muitas vezes este fato interfere na venda, principalmente se as sessões forem próximas aos horários de almoço e jantar”, afirma.
Além da pipoca e do refrigerante, a Hoyts oferece sucos, chás, chopps, pizzas, pães de queijo, cachorros quentes e doces variados, que contribuem para que as vendas nas bonbonnières sejam responsáveis por 18% a 20% da receita, que recebeu 1.4000.000 pessoas em 2002. Deste total, 21% a 23% das pessoas passam pela lanchonete, sendo, em sua maioria, crianças e adolescentes. Para aumentar o público freqüentador e o consumo, além de ter um bom filme em cartaz, a Hoyts aposta em promoções e vendas em pontos estratégicos. “Fazemos ações promocionais com os combos de pipoca e refrigerantes, sempre tematizados com um filme em cartaz. Além disso, estamos abrindo estações de venda nos corredores e colocando carrinhos nas salas”, revela.
Nacionais
Na rede de cinemas United Cinemas International (UCI), a venda de alimentos já representa 25% do faturamento da rede, que fechou o ano de 2002 com um ganho de R$ 98 milhões. A pretensão, de acordo com Carlos Marin, diretor-executivo da UCI Brasil, é de aumentar este percentual em 2%, por meio de um programa contínuo de promoções e um aumento no mix de produtos. Por isto, desde 1999, a rede trabalha junto a franquias como Casa do Pão de Queijo e Nutty Bavarian. “De cada 100 pessoas, cerca de 35 consomem nos snack bars; por ano vendemos cerca de 1.500.000 de saquinhos de pipoca e 1.650.000 copos de refrigerante”, revela Marin. Presente em 11 países, a rede possui no Brasil 10 complexos que totalizam 111 salas, sendo 31 no Estado de São Paulo. Atualmente, a UCI tem 33 bonbonnières que possui um mix de 110 produtos. No ano passado, 9,1 milhões de espectadores passaram pelo local.
Para Valmir Fernandes, presidente da rede Cinemark, que possui 29 complexos e 264 salas espalhadas pelo País, é difícil aumentar o percentual de venda dos snack bars, que representam 25% do faturamento da rede, que foi de R$ 200 milhões no ano passado. “Em 1997, quando chegamos ao Brasil, nosso percentual de venda já estava na faixa dos 20%; é difícil alterar isto; mas usamos a venda direta como forma de agregar um serviço a mais”, afirma Fernandes.
Com um público que varia de 1,8 milhão a 2 milhões por mês, a Cinemark, considerada a maior rede do País, tem um total de 58 snack bars e vende cerca de 300 mil saquinhos de pipoca e 300 mil copos de refrigerante dentro deste período, número que varia de acordo com o filme que estiver em cartaz e com o tipo de espectador. “Nas férias, por exemplo, quando existem mais filmes direcionados ao público infantil, as pessoas vão mais ao cinema e, conseqüentemente, o consumo aumenta”, conclui.
Patricia Morgado