A redução da taxa Selic de 24,5% para 22% ao ano pode representar um alívio de R$ 11,25 bilhões no peso que os juros têm sobre a dívida pública mobiliária federal. O cálculo leva em conta a economia de gastos com o pagamento de juros pelos próximos 12 meses, caso a taxa básica continue nesse mesmo nível em todo o período, e toma por base o volume atual de R$ 456 bilhões em papéis com rendimento determinado pela Selic.
O Tesouro divulgou dados mostrando que o governo continua a melhorar a qualidade do endividamento público em títulos, embora o valor total dos papéis tenha atingido o recorde de R$ 689,99 bilhões em julho, uma alta de R$ 20,57 bilhões em relação a junho, ou 3% em apenas um mês. Segundo o chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto, do Banco Central, Sérgio Goldenstein, o aumento da dívida em julho foi atípico, causado pelos juros altos, uma desvalorização de 3,26% na moeda brasileira no mês e uma colocação líquida de R$ 5,5 bilhões em títulos, em antecipação a possíveis turbulências no mercado por causa da tramitação da reforma da Previdência, na Câmara dos Deputados.
A turbulência prevista de fato ocorreu, diz o coordenador de operações da dívida pública do Tesouro Nacional, Ronnie Gonzaga Tavares, mas apenas na 1ª semana de agosto, quando o Tesouro chegou a cancelar um leilão semanal por causa do nervosismo do mercado. “Agora, isso já está regularizado, tudo está mais tranqüilo.” Apesar do estoque recorde, os administradores da dívida vêm conseguindo melhorar o perfil do endividamento, fortemente prejudicado pela crise do ano passado.