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Agosto amargo para pequena empresa

Guarulhos, 03 de outubro de 2003

ArteA temporada do Dia dos Pais não foi suficiente para impulsionar as vendas de agosto dos pequenos empresários paulistas. O segmento registrou queda real de faturamento na ordem de 1,1% em relação a julho, segundo o resultado divulgado quinta-feira, 02, na pesquisa mensal de desempenho das micro e pequenas empresas realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae).

Na comparação com a estatística de um ano atrás, o segmento apontou retração de 19,4%, uma queda quatro pontos percentuais acima da média de perdas dos demais meses de 2003. A retração para o período também foi a maior obtida em quatro anos de estatísticas.

Segundo Marco Aurélio Bedê, coordenador da pesquisa, isso ocorre porque em 2002 o mês de agosto teve crescimento em relação a julho, diferentemente do que aconteceu neste ano. “De janeiro até agora não conseguimos registrar as oscilações de sazonalidade, o que é atípico”, afirma.

Os resultados de faturamento real de janeiro até agora foram parecidos e não tiveram elevação expressiva em função das datas comemorativas como, por exemplo, Dia das Mães. O fenômeno decorre principalmente pelos efeitos das taxas de juros elevadas por um longo período, somado à queda na renda real da população e conseqüente depressão do consumo doméstico.

Comércio sofre mais – Dentre os micro e pequenos negócios pesquisados, o comércio foi o setor que mais sofreu perdas em agosto. Teve queda de 2% no faturamento real, acumulando perda de 21,7% em 12 meses.

Na outra ponta, o setor industrial conseguiu elevar a receita real em 1,1% no mês, mas ainda acumula recuo de 8,3% no ano e saldo negativo de 14% em relação a agosto de 2002. Bedê afirmou que a pequena indústria consegue manter uma retração menor em comparação com os setores de serviços e comércio porque é fornecedora de produtos para empresas exportadoras, que tiveram bom desempenho em 2003.

Já o setor de serviços, o mais diretamente afetado pela depressão no consumo, chega a amargar perda de 22,8% no faturamento líquido dos últimos 12 meses. “Neste ano os prestadores de serviço também foram os que mais sentiram o aperto nos gastos do consumidor. A queda na receita foi de 15,9%, e só em agosto houve diminuição de 1,3%”, afirma.

Pesquisa – A pesquisa do Sebrae-SP com 2,7 mil empresas reflete o desempenho de 1,1 milhão de empreendimentos do estado. Juntos, eles são responsáveis por 4,9 milhões de postos de trabalho.

Juliana de Moraes