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Administrar o capital de giro evita a corrida por crédito

Os empréstimos de capital de giro, os mais procurados pelas pequenas empresas, devem ser feitos apenas em caso de necessidade.

Mesmo com juros que chegam a 5% ao mês, essas operações representaram em abril 23% do total emprestado às empresas naquele mês e cresceram R$ 7,7 bilhões em 12 meses. No entanto, o empreendedor precisa adotar medidas para só tomar esse empréstimo em caso de extrema necessidade.

“Muitos empresários que atendemos reclamam de falta de liquidez”, conta Ricardo Curado, da Unidade de Orientação Empresarial do Sebrae-SP. Isto mostra uma demanda por capital para tocar o lado operacional da empresa, que pode ser resolvida via bancos. Mas também há outras opções. Procuramos mostrar que o capital de giro não é somente dinheiro”, conta ele.

Essa estratégia passa por uma gestão adequada dos ativos e passivos do negócio, de modo a gerar capital de giro próprio ou reduzir as visitas ao banco.

Caixa, estoque e contas

Segundo Curado, o capital de giro é formado pelo caixa da empresa, por seus estoques e por seu Contas a Receber. Administrar corretamente esses três itens pode ser a saída para problemas de liquidez.

“Às vezes falta dinheiro porque um desses três está sobrecarregado”, salienta o consultor.

O empresário pode ter estoques demais na empresa. Outra falha de gestão é estender em demasia os prazos de financiamento ao consumidor.

Usando o balanço

O ponto primordial para evitar falhas desse tipo é colocar na ponta do lápis as necessidades de capital de giro do negócio. Isso pode ser feito pelo próprio balanço.

O empresário calcula o valor dos estoques, soma ao valor de contas a receber e diminui o valor de conta a pagar. “Isso vai permitir que se defina a política da empresa”, diz o consultor.

Com as contas, pode-se verificar se é necessário melhorar o fluxo de pagamentos contra recebimentos. Em outras palavras, receber em prazos menores do que os pagamentos. Ou negociar descontos melhores no contato com os fornecedores, comprando à vista, mas tomando cuidado de tomar dinheiro no banco a taxas menores que o desconto.

Lembrar do giro próprio

Outro ponto importante pode ser aumentar a geração de capital de giro próprio. O cálculo é feito pelo patrimônio líquido da empresa (que é o capital social mais os lucros acumulados) menos seus ativos imobilizados (os móveis ou a sede, por exemplo).

Isto significa que gerar mais lucros também é outra forma de aumentar o dinheiro para o giro.

Nesse ponto, a gestão entra em terreno delicado. No inverno passado, por exemplo, os varejistas ficaram em maus lençóis quando a estação foi mais quente do que o esperado. E os estoques de roupas de frio, corretamente formados, diminuíram os lucros, ao não serem liquidados na velocidade necessária para saldar os empréstimos.

O dinheiro ficou imobilizado no estoque e provavelmente, faltou “giro”.

Epaminondas Neto

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