Uma análise comparativa da execução orçamentária de Guarulhos nos anos de 2000 e 2001, revelam dados não apenas da condução da política econômica, mas principalmente da mudança radical do discurso do Partido dos Trabalhadores agora na situação.
Antes de assumir o governo da cidade, freqüentemente éramos brindados com artigos nos jornais da cidade, discursos inflamados na Câmara e com panfletos fartamente distribuídos nas ruas, atribuindo o endividamento da Prefeitura, de suas autarquias, da empresa de economia mista e da Câmara Municipal à má gestão dos recursos públicos.
Todavia, para a surpresa de muitos, os números relativos ao ano de 2001 além de preocupantes, mostram que o PT não tem competência para administrar a 2ª maior cidade do estado, apesar da receita ter crescido 6,8%, passando de R$705,0 milhões em 2000 para R$752,9 milhões em 2001, o endividamento aumentou em R$183,1 milhões em apenas um ano, representando uma média de R$15,3 milhões por mês, ou ainda (pasmem!) cerca de R$510 mil por dia.
Tudo isso em apenas um ano!
Se todo esse descontrole orçamentário resultasse em grandes obras para melhorar o ultrapassado sistema viário da cidade, em construção de hospitais, em melhoria na prestação de serviços à população ou em reajuste salarial para o funcionalismo, apesar de haver problemas com a legislação em vigor, que determina a responsabilidade na gestão fiscal, moralmente até que poderia haver algum tipo de defesa.
Mas não.
Além de ter havido depreciação dos equipamentos e serviços públicos a olhos vistos (basta andar por alguns minutos pela cidade), ao analisarmos mais detidamente onde foi gasto o dinheiro público, nos deparamos com enormes gastos em publicidade, viagens, contratações de pessoas sem qualquer vínculo com a cidade para cargos comissionados (ou seja, sem concurso público), de contratações de “consultorias” para fazer o serviço de funcionários contratados exatamente para isso, como é o caso de escritórios de advocacia, economistas, pedagogos, etc, etc.
Por outro lado, graças a esses dados, temos mais uma explicação para o estratosférico aumento do IPTU: ao invés de cortar despesas e gastar apenas o que se arrecada (que, por sinal, é uma excelente arrecadação), a “administração” do PT prefere arrochar a população e afugentar empresas da cidade com um aumento do IPTU de até 600%. Isso não é política fiscal, mas fazer politicagemcom o fisco.
Resumo da situação:
1) o desgoverno do PT arrecada mal, porque ao inviabilizar investimentos empresariais na cidade e comprometer a renda da população com o aumento da carga tributária e promovendo isenções e redução de tributos sem qualquer critério prejudica o desenvolvimento econômico;
2) o desgoverno do PT gasta mal, porque não sabe comportar seus gastos de acordo com as receitas e esses gastos são incompatíveis com as necessidades e prioridades da população.
Quadro Comparativo da Evolução da Receita x Evolução do Endividamento.
Discriminação | 2000 | 2001 | % |
Receita | R$ 705.028.086,04 | R$ 752.995.143,67 | 6,80% |
Dívida | R$ 508.448.067,81 | R$ 691.573.626,07 | 36,02% |
Fonte: Secretaria de Finanças – Relatório dos Resultados Nominal e Primário do 6º bimestre de 2001 e Relatório de Gestão Fiscal do 3º quadrimestre de 2001 (www.guarulhos.sp.gov.br).