A pequena parcela da população mais rica e a grande fatia dos mais pobres continuam sendo separadas por um abismo de desigualdades sociais. Dados preliminares da Amostra do Censo 2000, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que 24,4% da população ocupada com dez anos ou mais de idade ganhavam até um salário mínimo na semana de referência da Amostra. Apenas 2,6% deste mesmo universo recebia 20 ou mais salários mínimos.
O Nordeste tinha o maior percentual de pessoas ocupadas com rendimento na faixa de até um salário mínimo (46,2%) e o menor na faixa de 20 salários mínimos (1,4%). A região Sudeste, por sua vez, ficou com a proporção mais reduzida na classe de até um salário mínimo (15,9%). Na faixa de mais de 20 salários, os percentuais mais altos foram os das regiões Centro-Oste (3,4%) e Sudeste (3,3%).
Entre as pessoas que procuraram trabalho ou estavam trabalhando (população economicamente ativa), na zona rural, 56,4% ganhavam até um salário mínimo, sendo que na área urbana esse percentual era de 26,5%. A diferença entre os
rendimentos dos homens e mulheres que trabalharam ou procuram trabalho salta ainda mais aos olhos. Cerca de 38,9% do contingente feminino de trabalho brasileiro ganhava até um salário mínimo em 2000. Apenas 1,7% das mulheres, até então, tinham rendimento superior a 20 salários. Entre os homens, esses mesmos percentuais eram de 24,6% e 3,6%, respectivamente.
A pesquisa indica que entre as pessoas que trabalharam (população ocupada) no segmento de serviços domésticos no Brasil em 2000, 59,9% recebiam até um salário mínimo mensal. Na agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal, este percentual ficava em 50,9%. Na atividade de pesca, cerca de 49,8% dos trabalhadores ganhavam um rendimento que ficava dentro desta mesma faixa salarial. Juntos, os três setores e suas subdivisões empregavam 42,6% da população ocupada do país.
Já o setor de intermediação financeira era o que pagava melhor, tendo absorvido o maior percentual de pessoas que recebem mais de 20 salários mínimos por mês (9,2%). Por outro lado, somente 1,3% da população ocupada do Brasil trabalhava no segmento no ano em que a pesquisa foi realizada.
Juliana Rangel