A força do crédito no PIB
O Brasil já caucula os seus problemas financeiros com base no Produto Interno Bruto (PIB). E assim que as operações de crédito atingem o recorde de 34% do PIB, as autoridades monetárias se manifestam apreensivas com essa evolução, resultado das operações a que se lançaram as empresas brasileiras e estrangeiras_ sobretudo as automobilísticas que abriram crédito para milhares de tomadores que, sem esse recurso, não poderiam ter o automóvel que queriam.
Está nas mãos do Banco Central e de seus técnicos a contenção do crédito para que ele não desfaça o equilíbrio econômico imposto às finanças nacionais pelas autoridades do próprio BC. Vê-se que é fácil chegar a um mandato na Câmara dos Deputados, mas é extremamente difícil manusear o plano financeiro de maneira que não advenha crises_além das já planificadas e com as quais contam as autoridades econômicas_, de forma que seja assegurada linha de crédito permanentemente aberta para as indústrias e o comércio que têm necessidade de chegar ao gerente de um banco e não receber um não em resposta.
De resto, os bancos estão cobertos de razão ao manterem o crédito aberto para os seus clientes a fim de facilitar as vendas no período em que a crise mundial já reflete os seus perigos na vasta campanha brasileira, assim como em outros países que dependem do poderio da economia americana para se sustentarem e não tombarem em crise.
O recorde de 34% do PIB em operações de créditos no Brasil, no ano passado, dá a dimensão da nossa responsabilidade para absorver essa quantia sem deixar de reconhecer a marca positiva atingida. O PIB é hoje significativo de uma grande potência econômica, mas nós não vemos ainda no horizonte do País configurado como um Produto Interno Bruto elevado, embora o tenhamos em alta conta por ser o produto de toda economia nacional alcançado depois das reformas introduzidas no País desde o tempo da dupla Bulhões e Roberto Campos, quando o dólar se passava como a moeda valorizada com a qual tínhamos que tratar com os nossos credores internacionais e manter em equilíbrio a nossa balança comercial.
Em suma, fica aí o nosso ponto de vista sobre o crédito aberto para as atividades econômicas, que não podem parar porque dão emprego a milhões de brasileiros e fazem funcionar a economia em grande estilo.
João Scantinburgo – Membro da ACademia Brasileira de Letras