Notícias

A difícil escolha entre tevês de LCD e de plasma

Guarulhos, 26 de dezembro de 2007

Basta ir a qualquer loja ou seção de eletrônicos do hipermercado para conferir que uma das grandes estrelas deste Natal é a TV de LCD ou de plasma. Além da queda de preços nos últimos dois anos (em 2005, uma TV de LCD de 32 polegadas custava R$ 8.500 e hoje sai por menos de R$ 3 mil), outro fator que impulsiona as vendas é a transmissão da TV digital, que possibilita imagens de alta definição (High Definition). Diante das prateleiras, pelo menos duas perguntas atormentam a cabeça do consumidor: 1) Há diferenças entre LCD e plasma? 2) Toda TV de LCD ou plasma reproduz imagens em alta definição?

As TVs de LCD e de plasma parecem iguais, são finas, possibilitam a fixação na parede e a tela é totalmente plana. Mas a tecnologia e a forma como as imagens são reproduzidas são completamente diferentes. Cada tecnologia tem suas vantagens e desvantagens. Apesar de ser impossível assegurar com total certeza qual a melhor, muitos grandes fabricantes estão tendendo mais para o LCD, por sinal é uma tecnologia mais cara.

A tecnologia de plasma emite luz individualmente em cada ponto da tela, graças às células de gás neon e xenônio. É como se houvessem milhares de lâmpadas fosforescentes em miniatura. Ionizadas, elas emitem luz ultravioleta que, em contato com o fósforo, geram a imagem. O fósforo é o responsável por uma grande desvantagem: o temido efeito burn-in – quando uma imagem fica parada muito tempo em um só lugar da tela, ela pode queimar e causar manchas. Para evitar isso, usam-se protetores de telas iguais as dos computadores – entra uma imagem em movimento para “queimar” o fósforo igualmente. Outro ponto contra é que o brilho da TV de plasma é menor, exigindo ambientes com pouca luz.

As vantagens sobre o LCD são muito boas: o preço comparativo (mesmo tamanho de tela) é menor e o plasma oferece uma taxa de contraste muito maior – em média 10.000:1. Isso significa que, entre o preto e o branco, a tela oferece dez mil variações. Na prática isso se traduz por imagens mais vivas. O tempo de resposta da tela também é bem menor, em média dois milissegundo (ms). O consumidor irá ver seqüências rápidas de imagens em boa qualidade.

Já as telas de LCD (cristal líquido) têm como base uma lâmpada de luz branca, chamada de backlight, cuja luminosidade é filtrada pelos cristais líquidos da tela. Em ambos os casos, cada ponto na tela (pixel) é formado pela combinação de três pontos menores, nas cores vermelho, verde e azul.

Ambas as tecnologias surgiram no início da década de 60, primeiramente o LCD, que era monocromático e passou a equipar calculadoras e relógios digitais. O LCD sempre teve um grande problema, que encarecia o produto: havia uma grande perda durante o processo de fabricação e muitas telas não passavam no controle de qualidade por apresentarem defeitos. E quanto maior a tela, mais chances de apresentar defeitos. A boa notícia é que, nos últimos anos, o processo foi aprimorado e este é o principal motivo do seu barateamento. Mesmo assim, a relação entre tamanho e defeito continua e é por isso que tevês de LCD acima de 42 polegadas custam uma fortuna.

Pesam a favor do LCD a maior definição (número de pixel), uma vida útil maior, economia de energia elétrica e peso menor. Também é possível usar a tevê como monitor. Mas há contras da tecnologia. A primeira é o ângulo de visão menor – vai ser uma briga na sala para ver quem senta no meio do sofá, pois quem ficar nas extremidades terá a visão prejudicada. O tempo de resposta da tela ainda é uma limitação – já foi bem maior no passado, hoje está em torno de oito milissegundos e em algumas situações, como cenas muito rápidas, podem aparecer imagens fantasmas.

O contraste no LCD é menor, em geral 800:1, contra 10.000:1 no plasma. Isso ocorre pela luz forte do backlight que vaza e o que seria um preto se transforma num cinza escuro. Para não perder feio neste item, os fabricantes inventaram um artifício chamado contraste dinâmico, que em alguns casos mais atrapalha do que ajuda: um processador analisa a imagem e, se houver predominância de preto, a luz do backlight é diminuída. Em uma cena noturna com algumas lâmpadas acesa, o processador irá diminuir a luz e tudo ficará escuro.

Porém, há uma tecnologia LCD que utiliza LED (sigla para Diodo Emissor de Luz), que vem ganhando espaço. Ela ainda é muito cara, mas quando (e se) popularizar, promete desbancar o plasma. Além de permitir LCD de telas acima de 50 polegadas, a sua taxa de contraste é 100.000:1. Nesta tecnologia, a lâmpada fluorescente do backlight é substituída por diodos. Na IFA 2007, grande evento do setor de áudio e vídeo, que ocorreu recentemente em Berlim, na Alemanha, a Samsung apresentou um modelo de TV LCD LED de 70 polegadas.

Alta definição –
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, vem reclamando, e com certa razão, dos fabricantes de TVs que não informam nas caixas, manuais e folhetos quantas linhas as telas dos aparelhos reproduzem. Eles se limitaram a definir as TVs como Ready HD (Pronto para HD) ou Full HD (Totalmente HD). Mas há uma série de pessoas que estão aproveitando promoções e comprando TVs de plasma mais baratos, achando que poderão assistir em alta definição, o que não é verdade.

As TVs Ready HD possuem resolução de 1.366 x 768 píxels. Os fabricantes não informam, mas esse aparelho possui 720 linhas. Para uma tela de 32 polegadas, é o suficiente para reproduzir imagens em alta definição. Acima de 42 polegadas, será preciso uma resolução Full HD de 1.920 x 1.080 pixels, que equivalem a 1.080 linhas. Há muitas ofertas de TVs de plasma de 42 polegadas, mas com resolução de 1.024 x 768 pixels, que equivalem a 480 linhas, o mesmo de uma TV de tubo convencional. Isso não é suficiente para reproduzir imagens em alta definição. Mas para quem estava acostumado com uma TV de tubo, ter uma imagem em tela grande, com cores bem mais vivas, já é um grande avanço, mesmo que não seja a alta definição.