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Ação conjunta pode reduzir problema do cheque sem fundos

No mês de maio, as instituições financeiras devolveram ao mercado 3,2 milhões de cheques sem fundos. O volume é 4,2% menor que o registrado no mesmo mês de 2001. Representa, também, a primeira queda significativa desde janeiro último. Mas no acumulado de 2002 o número de cheques recusados pelos bancos por insuficiência de saldo continua subindo. Já chegou a 16,1 milhões neste ano. Em 2001, foi de 14,9 milhões, segundo a Associação Comercial de São Paulo. Ou 8% a menos. O grande perdedor ainda é o comércio, segmento que mais trabalha com cheques. Mas não é o único. “O bom consumidor está pagando a conta porque os juros no crédito pessoal tendem a subir na proporção direta do aumento da inadimplência”, diz Alencar Burti, presidente da Associação Comercial. Na opinião dele, é preciso que o comércio, a indústria, as instituições financeiras e o Banco Central, BC, se unam para encontrar saídas que permitam reduzir o volume desses documentos.

Mais rigor – Com esse propósito, o diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC, Sérgio Darcy, reuniu-se ontem em São Paulo com empresários na Associação Comercial, em plenária presidida por Burti. Maior cautela dos bancos na abertura de contas-correntes e na distribuição de talões de cheques foi apenas uma, mas talvez a principal, medida apontada por Darcy para começar a inibir a emissão desses cheques. Segundo o diretor do BC, os critérios fáceis adotados pelos bancos na abertura de uma conta abrem espaço para os maus pagadores. A proposta da adoção de maior rigor nessa operação será levada pelo BC à Federação Brasileira das Associações de Bancos. A idéia faz parte do projeto “Conheça seu Cliente”, uma experiência copiada pelo BC do mercado internacional.

Moralização – “Conhecer seu cliente é uma questão de responsabilidade”, afirmou Darcy. Uma saída, seria a implantação do cadastro positivo que permitiria diferenciar o bom do mau cliente. “O cadastro positivo é um avanço na economia mundial, porque permite ao cliente do banco carregar com ele todas as informações sobre sua conduta no mercado”, afirmou Burti. Para o diretor de Normas do BC, o cadastro positivo daria, ainda, mais segurança aos próprios bancos e ao mercado. Ele reconheceu a necessidade de haver um aperfeiçoamento contínuo do sistema. “Itens que considerávamos importantes já não estão tão perfeitos como pensávamos”, admitiu.

Cheques sustados – Darcy se refere às reclamações de empresários em relaçao ao grande número de sustações e falsificações de cheques no mercado. Nos últimos cinco anos, segundo a Associação Comercial, 91 milhões de cheques foram sustados, tornando o conceito de sustação muito maleável. O BC deverá propor um aperfeiçoamento do mecanismo para acabar com o sustador de cheques contumaz. A falsificação de documentos também está na mira do BC. Outro item apontado por Sérgio Darcy que deverá merecer a atenção diz respeito à informação, no cheque, da data de abertura da conta. Em geral, o comércio evita receber cheques de contas abertas há menos de um ano, sob a alegação de que 50% deles retornam para o varejo. E sem fundos.

Roseli Lopes

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