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Um novo perfil profissional

Guarulhos, 25 de janeiro de 2010

Contam que um rapaz sem experiência foi em busca de seu primeiro emprego. E este foi o diálogo entre o candidato e o selecionador:

Selecionador: “O que você gostaria de encontrar nesta empresa, se fosse admitido?”

Candidato: “Gostaria de ter altos salários, excelentes benefícios, bônus anuais e prêmios periódicos.”

Selecionador: “Oferecemos tudo isso. Só que aqui os bônus são mensais. Você aceita?”

Candidato: “Não acredito. Verdade? Você está brincando…”

Selecionador: “Claro que estou brincando, mas foi você quem começou…”

Essa pequena história demonstra o que ainda ocorre no mercado de trabalho, de uma forma geral, onde os candidatos a emprego e, especialmente os já empregados, interessam-se primeiro pelo que vão receber, ao invés de preocupar, inicialmente, como o que pode ser oferecido. Mas esse perfil está mudando, ou melhor, pessoas com esse perfil estão sendo rejeitadas pelo mercado.

Naturalmente, todos devem buscar o que é melhor para si, entretanto, quando tratamos de uma relação profissional, o bônus e o ônus caminham juntos, um é função do outro. Segundo uma pesquisa do Instituto Gallup, 79% dos colaboradores empregados estão insatisfeitos ou assumem uma postura de neutralidade em seu trabalho, aquela de tanto faz como tanto fez. Isso demonstra o baixo grau de comprometimento da maioria dos profissionais em nossas empresas.

De acordo com os especialistas em contratação de pessoas, 70% do perfis profissionais são comportamentais, isto é, dizem respeito ao que a pessoa é, se é comprometida, se sabe trabalhar em equipe, relaciona-se bem com chefias e colegas, se termina o que começa etc. Apenas 30% dos perfis são técnicos, como experiência anterior, conhecimento, habilidade etc. Não significa que o profissional não precisa ser bom no que faz, pelo contrário. O candidato precisa ser muito bom profissional e melhor ainda como pessoa.

Está cada vez menor o espaço para aqueles profissionais que preferem trabalhar sozinhos, que não compartilham conhecimentos, que não agregam. Como um jargão que está se disseminando no mundo do futebol, o profissional tem que ser “bom de grupo”, isto é, saber trabalhar em equipe, compreender que repartir seus conhecimentos minimiza os processos e potencializa os resultados coletivos. As empresas buscam aqueles que nunca param de aprender, que sabem que a inovação tecnológica constante exige que o profissional esteja se reciclando continuamente e, justamente por isso, estão sempre se aprimorando.

Infelizmente, um dos maiores desafios do departamento de Recurso Humanos das empresas é a de motivar seus colaboradores a frequentar os cursos e treinamentos de aprimoramento profissional. A maioria dos colaboradores empregados não está interessada em se preparar pra evoluir profissionalmente, embora anseie por promoções e maiores salários. Isso acaba exigindo que as empresas busquem profissionais no mercado de trabalho, vendo-se obrigadas a dispensar aqueles empregados acomodados e desinteressados.

Por tudo isso, esse é o momento em que o “ser” é muito mais valioso que o “ter”. Ser esforçado, curioso, comprometido, “bom de grupo” é mais importante que ter experiência, habilidade e conhecimento. Em outras palavras, o novo perfil profissional exige personalidade, esforço e atitude. Apesar de parecer démodé, esses são os valores que fazem a diferença no mercado de trabalho. Adotar esse novo perfil é um desafio, mas, acima de tudo, uma grande oportunidade.

Stewalter Soares Moraes é diretor de Recursos Humanos da ACE-Guarulhos