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Mercado futuro em formato especial para pequenos investidores

Guarulhos, 28 de janeiro de 2008

Depois de ter descoberto o mercado financeiro, o relações-públicas Luiz Henrique Sampaio aprendeu que investir na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) pode ser tão simples quanto operar na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). “Não tive preconceito para tentar entender o mercado futuro, que, à primeira vista, parece complicado”, disse. “Mas é tão simples que posso comprar e vender os ativos pela internet, do computador de casa.”

A grande diferença entre as negociações na Bovespa e na BM&F é que na primeira são negociados os preços de ativos (ações, principalmente) à vista, e na segunda são transacionadas as expectativas dos investidores em relação às oscilações futuras de dólar, Ibovespa preços da arroba do boi, entre outros ativos.

Durante muito tempo, os pregões da BM&F eram dominados por grandes investidores. Em 2004, para facilitar a entrada do pequeno investidor no mercado futuro, a bolsa criou os minicontratos futuros de Ibovespa, dólar, boi gordo e café arábica. O minicontrato de Ibovespa corresponde a um quinto do contrato original; e os demais equivalem a 10%. Na prática, apenas os minicontratos de Ibovespa e dólar são negociados com liquidez, já que ainda não existem investidores interessados em comprar ou vender os outros. 
Tendo pelo menos R$ 1,32 mil, uma pessoa física pode investir na BM&F. Isso porque o investidor não tem de pagar todo o valor do contrato na hora da compra. “Diferentemente da Bovespa, onde você compra o ativo e paga seu preço total, na BM&F o aplicador investe na variação dos preços que derivam de um determinado ativo”, explicou o gerente comercial da corretora Interfloat, Títulos e Valores Mobiliários, Fernando Cardozo.

No caso da compra de um minicontrato futuro de Ibovespa, cada ponto do índice atual vale R$ 0,2 — assim, o contrato seria negociado a R$ 11 mil para um Ibovespa atual de cerca de 55 mil pontos. “Mas o investidor não desembolsa R$ 11 mil. Precisa apenas depositar uma margem inicial de R$ 1,3 mil, cobrada pela bolsa para cada minicontrato futuro de Ibovespa”, afirmou Cardozo. Essa margem varia de acordo com o tipo de contrato e representa garantia do cumprimento do contrato e pagamento da variação do preço do ativo no mercado no caso de inadimplência de ajuste diário.

“O ajuste diário funciona assim: se você comprar um minicontrato de Ibovespa quando o índice estiver em 55 mil pontos e, no dia seguinte, ele fechar a 56 mil pontos, a bolsa deposita a diferença em sua conta”, afirmou Cardozo. “Se, no dia subseqüente, ele fechar a 55,5 mil pontos, a bolsa desconta o equivalente aos 500 pontos perdidos”, completou.

É pelo fato de as variações serem ajustadas todos os dias que o investidor não precisa pagar o valor total do contrato. Nessa modalidade de aplicação, o impacto dos ganhos e perdas é imediato e diário.

“O investidor pode comprar mais contratos com menos dinheiro disponível”, afirmou o especialista. “Mas também não pode ser ganancioso demais, porque são feitos ajustes diários sobre o valor contratado. Do mesmo jeito que o dinheiro entra na conta com a alta do mercado, pode sair, na baixa.”

Ampliar ganhos — A grande vantagem da alavancagem (quando o investidor assume investimento com capital que não é seu) é que possibilita ao aplicador ampliar os ganhos com um capital menor. Se, por exemplo, ele comprar um minicontrato de Ibovespa a 40 mil pontos (R$ 0,2 cada ponto) e a bolsa subiu para 42 mil pontos em um dia, ele ganhou 2 mil pontos, ou R$ 400. Uma alta de 5% na Bolsa possibilitou um ganho de 40% do patrimônio inicial. Mas uma pequena perda também pode representar grande prejuízo. “A dica é seguir tendências. Há também muita gente que compra minicontratos de dólar para se proteger de oscilações da moeda”, disse o diretor responsável pelas filiais da Intra Corretora, André de Lucca.

Por exemplo: é o caso de uma família que viajará ao exterior nos próximos meses, mas já quer aproveitar a baixa cotação da moeda para adquirir dólares. Se o grupo precisar de US$ 5 mil, pode comprar um minicontrato futuro de dólar na cotação atual sem ter de desembolsar o valor total do contrato. “Apenas é necessário depositar a margem de R$ 980 e receber ou pagar os ajustes diários”, disse. “Se o dólar subir neste período, o investidor assegurou a compra da moeda por uma cotação mais baixa.”

O lançamento dos minicontratos para pessoa física e o início das negociações pela internet, em 2004, movimentaram a BM&F. Em 2001, foram negociados 121 mil contratos, número que subiu para 28 milhões no último ano — alta de 23.000%. “A idéia é descomplicar as negociações do mercado futuro e popularizar o acesso aos negócios na BM&F”, afirmou Verdi Rosa Monteiro, diretor de desenvolvimento e fomento de mercado da bolsa. “O simulador pela internet, lançado em setembro passado, já tem 38 mil participantes diários”, disse o diretor.