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Baixa renda

Guarulhos, 17 de setembro de 2007

O aumento do poder de compra das classes populares – baixa renda – tem contribuído para os crescimento nos níveis de consumo desta parcela da população. Programas sociais como o Bolsa Família, que atende hoje a mais de 11 milhões pessoas, quase um quarto da população do Brasil, são um dos principais motivos tem levado as classes C, D e E – aqueles que recebem até R$ 1.750,00 mensais – com mais freqüência às gôndolas, aumentando, também, o volume consumido por essa parcela da população

Segundo especialistas, à medida que o consumidor de baixa renda adquiriu maior poder de compra e, conseqüentemente, maior importância para o mercado, aumentou progressivamente também seu grau de exigência. Um estudo conduzido pelo Banco Mundial afirma que 70,7% da base de consumo brasileira movimenta US$ 181 bilhões por ano (cerca de R$ 370 bilhões). No mundo, este exército corresponde a um mercado de US$ 5 trilhões. O estudo foi baseado em pessoas com renda anual inferior a US$ 3 mil. No Brasil, elas respondem por 34,5% do consumo.

Os principais pontos-de-venda onde são atendidas as classes C, D e E são as lojas menores, as chamadas “de bairro” e aquelas localizadas no interior dos estados e no entorno das metrópoles. Mesmo as grandes redes supermercadistas já perceberam a relevância desse nicho de mercado e estão apostando na diversificação do mix e na abertura de lojas com perfil mais popular.

 O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, acrescentou que o segmento supermercadista tem apresentado resultados positivos, que são diretamente relacionados às condições econômicas da população brasileira. Os sucessivos crescimentos da renda dos trabalhadores brasileiros foi apontado por ele como um fator importante para o incremento do setor.

Dois fatores são os principais responsáveis por isto, segundo o presidente da Abras, como a criação de emprego e a efetividade dos programas assistenciais de distribuição de renda. Na avaliação do dirigente, este último tem impacto mais forte nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, já que nestes locais muitas vezes o dinheiro garantido pelo governo é a única fonte de recursos da família. A ocorrência disso é menor nos grandes centros urbanos, já que a oferta de emprego é maior.

Honda ressaltou que o perfil de estabelecimentos que atende a este tipo de consumo são as pequenas lojas. O fato acontece porque nas grandes redes a oferta de produtos é maior, tendo inclusive itens de valor agregado mais alto, o que inibe o consumidor que não pode ter acesso a produtos mais sofisticados. As lojas menores normalmente apresentam um mix mais restrito e com preços acessíveis.

Acompanhando essa tendência, as grandes redes estão diversificando os tipos de loja, com unidades para atender a públicos de bairros e direcionada ao perfil de cada região. “Já temos o Carrefour Bairro, o Extra Perto (do Grupo Pão de Açúcar) e o Todo Dia (da Rede Wall Mart), para comprovar o acompanhamento das novas tendências de mercado”, disse.

Segundo o presidente da instituição, em 2007 o setor de supermercados está crescendo com uma particularidade que não era verificada nos últimos três anos, pois agora o consumo também está acompanhando o incremento. As classes C, D e E têm especial participação neste movimento, já que representam, segundo levantamento da Abras, 77% da população brasileira e 70% do consumo do Brasil.