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Consumo em alta será motor do crescimento do país

Guarulhos, 31 de julho de 2006

Diário do ComércioO gasto do consumidor deve continuar sendo um dos motores do crescimento brasileiro neste ano, sem pressionar a inflação, que vem sendo impactada por condições positivas de oferta e pelo real valorizado, segundo analistas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em maio, o rendimento médio real do trabalhador brasileiro subiu 7,7% sobre igual mês de 2005.

“O poder aquisitivo do consumidor está crescendo”, disse Paulo Picchetti, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). “Isso é resultado da alta do emprego, da alta do salário nominal, que vem sendo conseguido nos dissídios, e da alta do salário real, já que você tem a redução da inflação”, disse Picchetti.

Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) mostrou que o valor da cesta básica somou R$ 172,31 em junho deste ano, abaixo dos R$ 183,14 do mesmo mês de 2005.

“O consumidor está comprando tanto quanto no ano passado, mas com despesa menor. A sobra ele vai gastar em outras coisas”, disse João Carlos Gomes, economista da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio). Uma sondagem da Fecomércio-RJ apontou que no primeiro semestre, mais pessoas (26,1%) disseram que, depois do pagamento de todas as despesas, haveria sobra no orçamento familiar, contra 25,3 % em igual período de 2005.

O dinheiro que sobra seria usado para pagar contas ou prestações, comprar mais produtos básicos, adquirir produtos de pequeno valor e comprar produtos de grande valor, ordem esta estabelecida com base nas respostas recolhidas no levantamento de junho.

A melhora da renda imediata se reflete principalmente em um maior consumo de bens não-duráveis, de menor valor, enquanto produtos mais caros dependem mais da disponibilidade de crédito.

O IBGE informou, na semana passada, que as vendas no varejo de bens duráveis subiram em maio sobre igual mês de 2005. As de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo saltaram 7,36%, e as de tecidos, vestuário e calçados, 9,26%.

Picchetti, da Fipe, argumentou que, apesar do aumento do consumo, outras variáveis estão pesando mais sobre a inflação, mantendo-a sob controle. Além do real forte, que diminui os custos de produtos importados, a boa safra agrícola e os reajustes menores de preços administrados dão um alívio para a inflação neste ano.