Custo do crédito nos bancos está mais caro para consumidores
Depois que o Banco Central pisou no freio dos cortes na taxa de juros básica da economia, o crédito dos bancos ficou mais caro. Seja no empréstimo via cheque especial seja no empréstimo pessoal. A constatação veio da pesquisa do Banco Central, divulgada na terça-feira, 26, em Brasília. Segundo os dados do banco, a taxa média anual das operações de crédito ficou em 45,1% em setembro (no mês de agosto a taxa anual era de 43,9%).
Dentre todas as formas de empréstimo oferecidas pelas instituições financeiras, o cheque especial ainda é o mais caro. A taxa anual está em 140,6%. O crédito pessoal figura, na pesquisa do Banco Central, como o segundo tipo de crédito mais caro. A taxa, anual, está em 73,9%. Quem tomou dinheiro para compra de eletroeletrônicos está arcando com juros anuais de 60,6%. E quem pediu dinheiro emprestado para a compra de veículos está sujeito a juros anuais de 35,7%.
Empresas – As empresas não ficaram de fora dos aumentos promovidos pelos bancos. O varejo que descontou duplicatas paga hoje, ao ano, juros de 40,2%. Os empréstimos da conta garantida também passaram a custar mais em setembro. a taxa subiu meio ponto porcentual, ficando em 65,9% ao ano (em agosto era de 65,4% em igual período)
Em contrapartida, pagaram menos para descontar promissórias e nas operações de crédito para capital de giro. Ambas recuaram. A primeira recuou 0,4 ponto porcentual e a segunda, 0,9 ponto porcentual.
Segundo Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, as empresas pagaram mais devido às operações de crédito vinculadas a recursos externos, sobre as quais pesaria as expectativas das oscilações no mercado de câmbio.
Os empréstimos consignados – empréstimos a trabalhadores com registro em carteira e com desconto das parcelas devidas diretamente no holerite – aumentaram na carteira dos bancos. E, ao mesmo tempo, impediram, de certa forma que os juros cobrados nas operações de empréstimo pessoal ficassem ainda mais cara, segundo o BC.
A explicação estaria nas taxas de juros. Como esse tipo de empréstimo cobra taxas bem menores do que nas operações tradicionais, ou seja, sem o desconto em folha de pagamento, a média dos juros também desceu.
Spread – Já para as empresas, segundo avaliação de Altamir Lopes, o maior aumento se deu devido ao spread – diferença entre o custo que o banco tem para captar dinheiro e o que cobra do consumidor nas operações de empréstimo – maior. A taxa média anual, que estava em 28,8% no mês de agosto, fechou o mês de setembro em 30,4%.
Já o spread cobrada nas operações de empréstimo feita às pessoas físicas é bem superior ao das empresas. Equivale, na média anual, a 63,2%, segundo o Banco Central. Analistas de mercado prevêem novas altas neste mês de outubro com o último aumento dos juros, na semana passada.