Nicole Kidman e Anthony Hopkins vivem caso de amor incomum
É como se o espectador recebesse respostas importantes a perguntas não formuladas. O suspense da história e as boas performances – incluindo a atuação sexy da belíssima Nicole Kidman – mantêm a platéia interessada, mas não totalmente envolvida. Mesmo assim, os grandes nomes do elenco devem garantir uma bilheteria no mínimo razoável para o filme.
Ambientada em 1998, quando o noticiário nos EUA era dominado pelo escândalo de Monica Lewinsky e o possível impeachment do então presidente Clinton, a história trata das consequências de um caso de amor entre um professor universitário aposentado e uma mulher mais jovem, aparentemente inadequada para ele.
O filme começa com um acidente de carro numa estrada recoberta de neve na Nova Inglaterra. O veículo derrapa e cai de uma ribanceira para dentro de um rio congelado. Morrem o motorista, Coleman Silk (Anthony Hopkins), e sua namorada, Faunia (Nicole Kidman). O segundo carro envolvido no acidente sequer pára. O resto do filme apresenta os acontecimentos que antecederam e provocaram essa tragédia.
Tudo parece começar na Athens College, uma faculdade de artes liberais em Massachusetts onde Silk, respeitado professor de línguas clássicas há 35 anos, é acusado de fazer uma observação racista em sala de aula.
Embora a acusação seja falsa, ele é submetido às críticas de um conselho docente que se preocupa profundamente com o politicamente correto. Indignado com o tratamento recebido, Silk se demite em protesto. Quando conta a sua esposa o que aconteceu, ela sofre um ataque cardíaco e morre, deixando-o transtornado de dor e raiva.
Silk fica amigo de um recluso romancista na casa dos 40 anos, Nathan Zuckerman (Gary Sinise), e inicia um namoro ainda mais inesperado com uma jovem que trabalha como faxineira e faz questão de ser pouco educada.
Faunia é emocionalmente travada, seca a ponto de ser mal-educada e, aparentemente, hostil. A paixão inesperada nesse momento tardio da vida leva Silk a relembrar sentimentos e memórias que estavam esquecidos havia muito tempo, relativos a uma decisão terrível que ele tomou quando era jovem.
A revelação pega o espectador totalmente de surpresa, e a parte da trama que os críticos revelarem pode acabar afetando a bilheteria (mas é bom levar em conta que o filme é baseado no romance A Marca Humana de Philip Roth já publicado e lido por muitos).
Enquanto Silk enfrenta seu passado, Faunia tem seus próprios segredos – muito mais fáceis de prever -, além de um ex-marido (Ed Harris, ótimo no papel) decidido a acabar com a ela e seu novo namorado.
A trama é interessante o suficiente para conservar o espectador atento até o fim, e a performance dos atores é muito boa, mas a história não chega a convencer por completo.
