CNI confirma crescimento na indústria
O bom desempenho da indústria divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi confirmado pelos indicadores de setembro da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dados reafirmaram que a recuperação na atividade industrial é sólida. A melhora aparece, ainda, na quantidade de horas trabalhadas e na utilização da capacidade instalada. Para o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, os números decretam o fim do processo de queda da atividade econômica no Brasil.
Em setembro, as vendas da indústria cresceram 3,57% na comparação com o mês de agosto. Já a utilização da capacidade instalada aumentou 0,9 ponto percentual, passando de 79% para 79,9%. Apesar disso, em relação a setembro de 2002 o nível de utilização ainda era maior, 80,9%.
O número de pessoas empregadas também subiu. A alta foi de 0,12% em comparação com agosto. Mas, os salários cresceram apenas 0,05%.
No trimestre – “Os dados mostram que a economia superou a recessão do primeiro semestre”, avaliou Castelo Branco. Essa recuperação fica mais clara, segundo ele, na comparação dos índices trimestrais dessazonalizados.
Eles mostram que, pela primeira vez desde o primeiro trimestre do ano passado, houve uma recuperação no valor dos salários líquidos pagos pela indústria. Neste ano, a queda no total de salários atingiu 3,76% no primeiro trimestre; 0,52% no segundo trimestre e recuperação de 1,71% no terceiro. A quantidade de horas trabalhadas também teve crescimento, de 1,04%, ante uma queda de 1,38% no primeiro semestre e de 0,23% no segundo.
O terceiro trimestre trouxe a recuperação, também, no total das vendas da indústria, que subiu 2,60%, ante queda de 1,26% no primeiro trimestre e de 5,03% no segundo. A utilização da capacidade ociosa apresentou queda de apenas 0,09 ponto percentual no terceiro trimestre ante quedas de 0,83 e 0,57 pontos no primeiro e no segundo trimestres.
Expectativas – Castelo Branco disse ainda que a expectativa do meio empresarial é de que a atividade econômica deverá continuar se recuperando nos próximos meses. Ele justificou essa avaliação com sinais de melhora da economia mundial e com indicadores de aumento na demanda doméstica, estimulados principalmente pelo crescimento na oferta de crédito.
O coordenador ressaltou, no entanto, que será necessário que o investimento responda a essa tendência e que haja uma recuperação do nível de emprego e do salário real. “Desde 2001 a produção sofre com a falta de investimentos e até o final de 2002 havia insegurança no mercado brasileiro”, disse.
O quadro atual, porém, mostra confiança nos agentes econômicos, reforçada por medidas como regulação do setor de infra-estrutura, redução do custo de capital e melhor definição da agenda industrial. “O crédito deve ser a alavanca neste final de ano”, prevê o economista.
O estudo da CNI é feito em 12 estados do País.