Os Normais parodia comédias românticas com maestria
Os roteiristas Alexandre Machado e Fernanda Young optaram por contar a história do começo, toda se passando em apenas um dia, o que por si só já justifica a existência do filme. Rui e Vani, os personagens centrais, estão mais loucos do que nunca. Rui está mais apaixonado. Vani está “no seu limite”, como definiu Fernanda Torres, no lançamento do filme para a imprensa, em São Paulo.
Quem não teria vontade de saber como Rui e Vani se conheceram? Quem nunca se perguntou como começou esse romance “normal”, que já dura sete anos? E se na série televisiva os dois adiam sempre a oficialização da união, sem maiores explicações, Os Normais – O Filme traz todas as respostas.
As cenas hilárias são muitas e o filme não se perde em nenhum momento. A estética cinematográfica está ali, mesmo quando recursos semelhantes aos do programa são adotados, como as cenas quase todas serem feitas em estúdio. O que poderia ser uma limitação rendeu uma cena ótima: um engarrafamento, com ares de perseguição policial, encenado por duas mãos movendo carrinhos de brinquedo. Luiz Fernando Guimarães “está” em um dos carrinhos, correndo para se encontrar com Vani no porto. Cena de cinema. “O filme é híbrido”, disse Fernanda Torres. “Tem uma levada de cinema, é uma paródia de comédias românticas.”
No clima de paródia, Os Normais tem surpresas deliciosas. A música Crazy Xevén, cantada por Abdullah no melhor inglês “embromation” e com clima jazzístico, embala as cenas de abertura de forma cômica e inteligente. “Toda comédia tem que ter música marcante”, afirmou José Alvarenga Jr.
Fiéis ao roteiro, Luiz Fernando Guimarães e Fernanda Torres souberam encontrar o tom certo para encarnar um Rui e uma Vani que nem mesmo eles conheciam. “Minha preocupação no filme foi adoçar a personagem”, explicou Fernanda. “Ela tinha que aparecer como uma mulher doce, mesmo estando no seu limite.” Para Luiz Fernando, o mais importante foi encontrar o lado romântico de Rui. “Quando se conheceram, eles eram colegas, ótimos companheiros um para o outro. O Rui que segura o romantismo do filme. Não questionei se ele teria que ser romântico, apenas pensei em como esse romantismo se manifestaria nele”, definiu.
No elenco principal estão também Evandro Mesquita, como o ex-noivo de Vani, e Marisa Orth, como a ex-noiva de Rui. A integração dos dois aos protagonistas é perfeita e Evandro Mesquita – improvisando e abusando dos palavrões – se supera. “Foi uma Disneylândia fazer esse filme”, disse o ator e cantor. “É uma linguagem que, desde o Asdrúbal (Trouxe o Trombone, grupo teatral do qual Evandro fazia parte nos anos 70), me é familiar.”
Sobre os palavrões, que “pipocam” a todo hora na telona, eles serviram para dar mais naturalidade a uma trupe completamente anormal. “Na TV, incomodava falar apelidos no lugar dos palavrões”, afirma o roteirista Alexandre Machado. “No cinema, a gente resolveu liberar mais.”
Marisa Orth, que deu vida à ciumenta Martha, confessou que teve medo de encarar uma dupla tão sintonizada. No final, com os toques de José Alvarenga Jr., a atriz gostou do resultado. “Gosto do texto de Os Normais porque ele vem pronto para ser dito e traz o personagem ali dentro”, disse.
Para quem ficou feliz com Os Normais nos cinemas, uma boa notícia: outro longa pode vir por aí. “Esse futuro está em aberto. Eu acho que cabe um segundo filme”, afirmou José Alvarenga Jr., ressaltando que é mais fácil uma continuação nas telas do que na TV.
Fernanda Young também deu esperanças. “Rui e Vani não estão mortos. Não podemos ficar com a sensação que eles não estão mais por aí. Seria terrível ter que concluí-los”, afirmou.
Fernanda Castello Branco
Ficha Técnica
Gênero: Comédia
Duração: 88 min.
Classificação: 14 anos
Diretor: José Alvarenga Jr.
Elenco: Fernanda Torres, Luiz F. Guimarães, Evandro Mesquita, Marisa Orth
