A mais rica e bela das flores é aquela que nasce na adversidade

Na semana passada saiu nos jornais a luta de Thaís, uma garota de 12 anos, para conseguir participar do campeonato paulista de futebol representando sua cidade, Itapetininga. Única mulher num time de meninos, a Secretaria de Esportes, organizadora do evento, havia impedido a menina de jogar sob o argumento de que não havia competições mistas de futebol, uma discriminação que levou a decisão à justiça. Defendida pelo técnico e por seus colegas (ela joga um bolão e eles não se imaginavam sem ela), acabou ganhando a causa e o direito de disputar a semi-final.

Sua história mostra que, muitas vezes, não são as facilidades e estímulos positivos que nos levam ao sucesso, pelo contrário, são as forças opostas, as restrições e dificuldades que nos obrigam a rever nossos pontos de vista e opiniões, só para que acabemos por nos certificar da seriedade de nossos compromissos e lutar com mais afinco ainda na direção de nossos objetivos.

Não são raras as histórias que ouço de empreendedores que tomam as adversidades como forças impulsionadoras para o sucesso. Nesta semana estive no Fórum da Qualidade do Sebrae-SP, em que a equipe de Qualidade Total celebrava 10 anos do projeto, comemorando a marca de 6.000 empresas atendidas. Para o evento, a equipe do Sebrae trouxe 6 empresas para dar seu depoimento dos benefícios que o programa lhes trouxe. Um deles foi Waldir Soares, da Sig-Rool, uma empresa de revestimento de cilindros. As intempéries pelas quais ele sofreu, dentre as quais assalto, incêndio, sócios egoístas e funcionários mal intencionados, só aumentaram a sua determinação de vencer.

Não adianta se iludir, por melhor que seja o seu planejamento, o empreendedor vai enfrentar muitas dificuldades inesperadas para conduzir seu negócio. Juros abusivos, concorrência desleal, mercado retraído, queda de qualidade dos fornecedores, maus pagadores, dificuldade de encontrar bons funcionários, são apenas alguns destes problemas. O verdadeiro espírito empreendedor é otimista por natureza, compreende a inevitabilidade do ambiente mutável e dinâmico em que se encontra e sabe que nenhum plano pode ser conduzido à risca, sem prever as contingências as quais está sujeito.

Mais do que isso, o verdadeiro empreendedor não se deixa abater facilmente. Preconceitos como os vividos por Thaís, forçam-no a rever seus valores e crenças internas. Esta revisão, por si só, valida e dá credibilidade à suas atitudes, aumentando sua disposição de enfrentar tais preconceitos e fortalecendo a determinação e confiança de seguir em frente, a despeito das dificuldades que enfrentará.

Por isso mesmo, me arrisco até mesmo a afirmar que justamente estas barreiras tenham forçado Thaís a se tornar tão boa com a bola. A necessidade de provar a si mesma e aos outros que pode jogar bem, que é capaz e tem talento é o motor que a leva em busca da excelência. Michael Porter, o guru da competitividade, ensina um modelo que ele chama de ?Forças Competitivas?, ou como a empresa se torna mais competitiva diante de pressões externas. Estas pressões podem ser impostas por clientes que exigem melhor qualidade do produto, concorrentes que lançam novidades ou mudam suas estratégias que o obrigam a acompanhá-lo e até mesmo fornecedores que aumentam seus preços, forçando-o a ser mais eficiente no controle de custos para não repassar o ônus para seus clientes.

Ser diferente, nos dias de hoje, é um grande desafio, mas aqueles que o superam obtém o reconhecimento esperado: “Ela cruza, cobra o lateral, bate pênalti… Como é que a gente ia fazer sem ela?” diz um colega de Thaís; “Os outros times olham e acham que será fácil ganhar o jogo só porque ela é menina. Mas, depois, na hora da partida, eles vêem o que é bom para tosse”, brinca outro; “Além de ter uma visão de jogo muito boa, não tem preconceito de jogar com os meninos e consegue impor respeito”, completa o técnico.

O ditado chinês que dá o título do artigo pode ser a sua inspiração. Descubra quais são as forças que o obrigam a se tornar competitivo e você encontrará os desafios que, vencidos, o levarão ao topo.