Compulsório de 45% entra em vigor
A partir desta segunda-feira, 11, o custo do dinheiro que os consumidores e empresas pagam nas operações de empréstimo, será menor. Pelo menos em três bancos: Bradesco, Itaú e Unibanco. A redução das taxas cobradas nas operações de crédito por essas instituições financeiras foi a resposta à medida do Banco Central, anunciada na última sexta-feira, de reduzir de 65% para 45% o compulsório sobre os depósitos à vista, a prazo e da poupança que os bancos recolhem, todos os meses, aos cofres do governo.
A nova alíquota de 45%, a mesma que vigorava até fevereiro deste ano, começa a valer para uma parte dos bancos. Aqueles classificados pelo Banco Central como os do grupo “A”. Na próxima segunda-feira, dia 18, a outra metade dos bancos, os classificados no grupo “B”, passará a recolher o depósito pela nova alíquota.
Insuficiente – Essa separação em dois grupos é apenas técnica e leva em conta o período – primeira ou segunda quinzena do mês – em que o banco envia os recursos referentes ao compulsório recolhido ao Banco Central.
Depois de descartada pelo próprio governo durante toda a semana passada, a redução foi mais do que bem-vinda no mercado. Mas ela ainda não basta para que a economia acelere o passo, a indústria aumente sua produção, o consumidor ganhe confiança e o comércio venda mais. É preciso mais do que a redução de 25 pontos porcentuais.
A medida está no caminho certo, na avaliação do economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo. Já se provou que o aumento do compulsório é inversamente proporcional ao aumento do volume de crédito no mercado. Dados do Banco Central mostram isso. Quando o compulsório foi elevado de 45% para 60%, em fevereiro deste ano, o volume de crédito concedido às empresas despencou de R$ 135 milhões para R$ 132 milhões.
Segundo Alfieri, a redução, sozinha não é suficiente para melhorar a economia, diz o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Para ele, a redução é apenas o início de todo um processo e por isso mesmo terá de ser acompanhada de novas reduções. Agora da taxa básica de juros.
Selic menor – “É fundamental baixar agora a Selic para que os cerca de R$ 8 bilhões que ficarão fora dos cofres do governo sejam direcionados para o mercado e o crédito”, diz Alfieri. Sem esse estímulo, o dinheiro corre o risco de ser utilizado na compra de títulos do governo, que pagam remuneração equivalente à Selic, ou seja, 24,5%. Um bom ganho.
Apesar de os R$ 8 bilhões estimados para retornarem ao mercado representarem, hoje, 10% dos empréstimos feitos no Crédito Direto ao Consumidor (CDC), segundo o economista, a queda para 45% ainda é muito pouco. Ele lembra que em outros países o compulsório já deixou de ser utilizado como medida de controle da economia. Nos que ainda o adotam como medida de controle de preços, o porcentual não passa de 10%, afirma o economista. No Brasil, o compulsório sobre os depósitos a vista já chegou a 75%, em agosto de 1999. Uma das maiores alíquotas.
Roseli Lopes