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Pequenas têm novo espaço para negociar

Guarulhos, 29 de julho de 2003

ArteO governo do Estado de São Paulo está apostando na Internet para reaquecer a economia do Estado. Em agosto, o governo paulista lança um portal para incentivar os negócios das micros e pequenas empresas e ajudá-las a ter mais qualidade, exportar e conseguir crédito.

O portal vai integrar as cadeias produtivas paulistas e deve dinamizar os negócios entre elas.

“Vamos digitalizar todo o Estado. A produção vai se mover em um ambiente digital de conhecimento e comércio”, explica Vanda Scartezini, coordenadora de Tecnologia da Informação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e Turismo de São Paulo.

Ela explica que a idéia é criar um ambiente virtual de comércio eletrônico e de conhecimento, que permita às pequenas não apenas aumentar as possibilidades de venda local como aumentar o nível de tecnologia do produto, sem custos iniciais.

Comércio e informação

O ambiente virtual Conhecimento&Produção, como o projeto é chamado, é composto por um mercado eletrônico (market place) e núcleos gestores.

O mercado será aberto a todos os compradores e clientes interessados em comprar das micros e pequenas empresas dos núcleos gestores. De acordo com Vanda Scartezini, no market place tanto os compradores podem solicitar produtos como as empresas dos núcleos podem oferecer.

Além disso, serão ofertadas soluções tecnológicas para as micros e pequenas entrarem no mercado eletrônico.

Redução dos custos

A principal vantagem para micros e pequenas é a diminuição de custos, pois o comprador pode negociar diretamente com o fabricante, que não precisará investir em divulgação, marketing ou abrir uma loja ou uma revenda em outras cidades, o que também lhe dá mais competitividade.

“O market place funcionará como uma rede, interligando empresas de todo o Estado e até de outros lugares do País”, diz.

Além disso, os compradores se beneficiam do aumento da qualidade dos fornecedores.

“É um modelo econômico que possibilita que todo mundo saia ganhando”, comemora Vanda.

Núcleos gestores

O market place será ponto de atração das micros e pequenas, mas o governo pretende usar o portal também para elevar o nível de qualidade das empresas. Isso será possível graças aos núcleos gestores.

A princípio foram escolhidos setores que possuem núcleos industriais tradicionais e organizados: calçados, cerâmica, têxtil, móveis e turismo. A meta é ter núcleos da maioria dos setores econômicos.

Funciona assim: a pequena tentou vender seu produto no market place, mas descobriu que não atende às exigências do comprador. Aí ela vai para o núcleo, no qual vai encontrar uma “comunidade do conhecimento” que vai oferecer informações para resolver seus problemas. Cada núcleo será dedicado exclusivamente a um ramo, e vai oferecer informações técnicas, de produção, jurídicas, de gestão, exportação e outras.

Gratuito

Para o governo, o portal vai promover a inclusão digital de milhares de empresários. “Vamos fazer o empresário circular em um ambiente virtual sofisticadíssimo no qual ele vai achar os caminhos para solucionar seus problemas”, revela Vanda.

O grupo de consultores dos núcleos será formado pelos “patrocinadores do conhecimento”, como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Sebrae, universidades e centros de pesquisa.

Os núcleos são comunidades fechadas, exclusivas aos integrantes, que terão acesso por senhas. Serão formados por pólos industriais que atuam no mesmo ramo, e serão gerenciados pelos organizadores dos pólos (clusters) e associações de classe. Por enquanto, todo o serviço é gratuito e bancado por patrocinadores, como bancos e grandes empresas de telecomunicação, mas futuramente os gerenciadores dos núcleos poderão criar taxas para pagar os custos.

O projeto foi apresentado para membros da comunidade européia, que elogiaram a proposta. “Já existe esse tipo de rede em outros países, mas nosso sistema foi desenhado para o Brasil, e São Paulo é pioneiro”, afirma Vanda.

Priscilla Negrão