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O Imbatível retrata o suor dos ringues

Guarulhos, 29 de novembro de 2002

arteCom O Imbatível, estréia deste final de semana nos cinemas, o diretor e roteirista Walter Hill está de volta ao ringue como um dos últimos realizadores do gênero hollywoodiano puramente musculoso, sem enfeite nenhum.

Após alguns projetos questionáveis como O Último Matador e Supernova, ele voltou com um filme de boxe tão puramente pugilístico que nada, nem ninguém pode roubar a atenção do acontecimento principal: Wesley Snipes e Ving Rhames se enfrentando no ringue de uma penitenciária numa luta que só vai terminar em nocaute.

Depois do adiamento da estréia prevista originalmente para novembro de 2001, além da refilmagem de vários trechos – da qual Snipes reclamou publicamente -, a chegada de Imbatível não autoriza grandes expectativas.

Mas qualquer pessoa que acompanha o trabalho de Hill desde Os Selvagens da Noite e 48 Horas vai perceber que este é um filme que ele nasceu para fazer.

Poucas vezes seu universo de homens endurecidos vivendo às margens da sociedade e segundo suas regras próprias foi retratado com mais perfeição.

Hill e o co-roteirista e produtor David Giler parecem ter se inspirado em parte na vida de Mike Tyson. O filme começa com uma luta na chamada jaula de combates da penitenciária de segurança máxima de Sweetwater, situada no deserto do Mojave, na Califórnia.

Lá, o lutador Monroe Hutchens (Wesley Snipes), que já foi boxeador peso pesado e hoje cumpre pena de prisão perpétua, está defendendo seu título inconteste na prisão.

Ele não demora a derrotar seu adversário, um defensor da supremacia branca (o temível Nils Allen Stewart). Enquanto isso, é observado pelo mafioso Mendy Ripstein (Peter Falk), autodidata na arte do boxe.

Os presos aguardam a chegada na prisão do atual campeão mundial dos pesos pesados, Iceman Chambers (Ving Rhames), condenado (como Tyson) pelo estupro de uma mulher (Rose Rollins, que é vista relatando sua história para um programa de TV).

Totalmente seguro de si, mesmo quando chega a Sweetwater acorrentado, Iceman age desde o primeiro momento como se fosse dono do pedaço.

Naturalmente, ele zomba da idéia de que a prisão já tem seu campeão próprio, Monroe, e não perde tempo para desafiá-lo.

Uma parte interessante da história fica a cargo de Peter Falk, em seu papel mais intrigante em anos. Seu personagem, Mendy, inventa um arranjo que garante tanto a realização da luta entre Monroe e Iceman.

Quando chega a hora do clímax, vemos uma das sequências de luta mais fisicamente intensas desde Touro Indomável e fica claro que a maior parte da luta foi realmente feita por Snipes e Rhames.

De maneira condizente com a prisão, a luta não tem árbitro e só pode terminar com o nocaute de um dos adversários. O que se vê são quase 20 minutos espantosos de pura violência corpo-a-corpo.