Aneel apresenta regras para dividir ganhos com consumidor
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pôs em audiência pública uma das propostas mais esperadas pelo setor: a metodologia para cálculo do Fator X – um mecanismo que permite, por meio das tarifas, compartilhar com os consumidores os ganhos de produtividade das distribuidoras de energia.
As regras elaboradas, no entanto, ainda podem sofrer alterações. Até dia 19 de novembro, o órgão regulador receberá contribuições do setor para, em seguida, emitir resolução sobre o assunto.
Previsto nos contratos de concessão, o Fator X será um redutor sobre o IGP-M, índice usado para corrigir as tarifas de energia durante os reajustes anuais. Esse mecanismo somente passa a ter impacto sobre os preços a partir do ano que vem, data de revisão tarifária de 17 concessionárias de energia. O índice a ser encontrado pela Aneel, com a contribuição de representantes do setor, apenas atuará sobre os custos operacionais.
Isso porque as empresas podem controlar essas despesas e otimizar os custos, chamados de gerenciáveis ou Parcela B. A lógica dos contratos de concessão é que se os custos operacionais (despesas de pessoal, terceiros e manutenção, entre outros) de uma concessionária diminuíram por causa da melhora de eficiência, sobrou mais dinheiro para a empresa, ou seja, ela conseguiu aumentar sua margem, explica o advogadoMarcos Vinicius Pulino, especialista em energia.
“Parte desse ganho tem de ser destinado à sociedade”, afirma ele. Mas também poderá ocorrer o contrário, completam analistas do setor. Isso significa que os aumentos de custos também poderão ser repassados para as tarifas.
Revisões – O Fator X será definido sempre na ocasião das revisões tarifárias periódicas, previstas nos contratos para redefinir o nível das tarifas de energia. Segundo a Aneel, para cada distribuidora será calculado um índice distinto, de acordo com a estrutura de custos e mercados.
No setor, a proposta é considerada um dos pontos cruciais, já que envolve tarifa de energia, impactando empresa e consumidor. Segundo nota técnica, o índice será definido com base em estimativas de quanto a distribuidora conseguirá diminuir seus custos acima da economia até a próxima revisão tarifária periódica (em média de quatro anos), afirma Pulino. “A agência ainda vai comparar índices de eficiência entre distribuidoras semelhantes.”
O mais importante é que o mecanismo, além de repartir com os consumidores os ganhos de produtividade, estabelecendo tarifas mais justas, também incentiva as distribuidoras a diminuir seus custos operacionais. “As empresas mais eficientes ganharão”, afirma o analista Sérgio Tamashiro.
Segundo a Aneel, a proposta desenhada é inspirada em práticas consagradas no exterior, adaptadas às características do mercado brasileiro. Mas é bem diferente da metodologia usada para revisar as tarifas da distribuidora Escelsa, diz Pulino.
O material está disponível no sitewww.aneel.gov.br.
Renée Pereira