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Ações ordinárias atraem mais investidores

Guarulhos, 14 de junho de 2002

Estudo mostra que, dos cinco papéis que atingiram, em maio, o melhor nível de liquidez em 12 meses, três são ON. As ações ordinárias (ON, aquelas que dão direito a voto) estão em alta na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Um levantamento da consultoria Economática, somente com as ações do Ibovespa, mostra que entre os cinco papéis que fecharam maio no melhor nível de liquidez dos últimos 12 meses, três são de ações ON: Petrobras, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Companhia de Saneamento Básico do Estados de São Paulo (Sabesp). Já entre os papéis que estão no pior nível de liquidez no mesmo período, há somente ações preferenciais (PN).

Para chegar aos números da tabela ao lado, a Economática calculou o índice de liquidez, a partir de informações como o número de dias em que houve negócios com a ação, número de negócios com o papel e volume de negócios em dinheiro com o papel dentro do período escolhido. O índice de liquidez da Sabesp, por exemplo, saltou de 0,567 em junho do ano passado para 2,256 em maio. Com a Petrobras, ocorreu um caso curioso: o papel PN fechou maio no pior nível de liquidez dos últimos 12 meses (6,249 frente a 6,647 em junho de 2001), enquanto o papel ON fechou no melhor nível (3,262 frente a 2,190 em junho).

O índice de liquidez mede a facilidade com que o investidor consegue negociar a ação no mercado. Quanto maior esse índice, melhor a liquidez do papel. Segundo alguns analistas, parte do aumento do interesse por ações ordinárias é um indicador que os investidores, principalmente os institucionais (como os fundos de pensão) passaram a procurar os papéis de empresas com boas normas de governança.

Segundo Heloísa Bedicks, diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Petrobras e Sabesp são dois bons exemplos. A produtora de petróleo deve ser uma das primeiras a entrar no Nível 2 de governança corporativa da Bovespa. A Sabesp foi a segunda companhia a aderir ao Novo Mercado. Os dois espaços foram criados pela bolsa para empresas com boas normas de governança – transparentes e com tratamento igualitário entre minoritários e controladores.

Segundo Ricardo Guerses, diretor do site Acionista.com além das fundações, muitos investidores estrangeiros também olham mais para os papéis ON que os PN. Para ele, o interesse pelas ordinárias deve crescer nos próximos meses, com a maior divulgação das práticas de governança corporativa.

Além de entrar no Novo Mercado, a liquidez dos papéis da Sabesp dobrou após a oferta pública realizada no dia 9 de maio: o governo paulista vendeu 4,617 bilhões de papéis ON mais um lote extra de 692 milhões, equivalentes a 16,2% do capital da empresa.

Segundo o analista de petróleo da corretora Fator Dória Atherino, Luís Bródi, o volume de negócios com as ações ON da Petrobras disparou após a oferta pública realizada pelo governo federal em agosto de 2000. Só foram vendidas ações ordinárias, que desde então passaram a freqüentar a lista das mais negociadas do pregão.

Para Heloísa, do IBGC, a CSN não é um dos melhores exemplos de governança corporativa. Após a saída de Maria Silva, que era diretora-executiva da empresa, Benjamin Steinbruch acumula os cargos de presidente do conselho de administração e de diretor-executivo. Para Heloísa, a CSN deveria ter feito um plano sucessório antes da saída de Maria Sílvia.