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Empresas devem esperar antes de pedir crédito

Guarulhos, 22 de março de 2002

As empresas que necessitam de crédito não devem se animar com a segunda queda de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, anunciada na quarta-feira pelo Banco Central. Mesmo servindo de parâmetro para a composição das demais taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro, no caso de financiamentos a pequenas empresas, em particular, há outras componentes, para as quais os bancos olham na hora de compor as taxas, que precisam melhorar, como a inadimplência e a retomada da economia.

Para analistas da área financeira isso quer dizer que as empresas que estavam prontas para ir ao banco pedir empréstimos, para renovar estoques ou promover alguma reforma, devem aguardar mais alguns meses, antes de contratar o financiamento. Só mesmo as empresas que precisam de dinheiro para girar os negócios é que devem procurar os bancos agora. E, mesmo nesses casos, devem tentar antes o financiamento junto aos fornecedores. É que uma redução nas taxas de curto prazo, como a antecipação de recebíveis (duplicatas e cheques pré-datados), cujo custo chega a 5,80% ao mês, depende ainda de um corte mais acentuado da Selic. “É preciso lembrar que a queda de 0,25 pontos da Selic é sobre a taxa anual, que está em 18,5%. Para que essa queda tenha algum resultado sobre as taxas mensais de empréstimos seria necessário pelo menos mais um corte de 0,50 pontos percentuais”, diz Marcelo Afonso, diretor de Asset Management do BNL.

Aumento – Pesquisa realizada pela reportagem do Diário do Comércio apurou que as taxas praticadas nessas modalidades de crédito realmente não foram impactadas pelas duas reduções da Selic promovidas em fevereiro e março pelo Banco Central. Aliás, em alguns casos, houve até ajustes para cima, como na Nossa Caixa, em que as taxas máximas subiram de 3,45% para 3,95% ao mês (para a antecipação de cheques e duplicatas) e de 3,95% para 4,45% mensais, para capital de giro, com retorno único (veja quadro). “Quem necessita de crédito e não pode esperar deve procurar fugir dessas linhas que têm custos muito altos. O melhor é tentar um empréstimo até maior que a necessidade imediata, mas para ser pago no longo prazo, em que as taxas praticadas tendem a ser menores”, diz a consultora especializada na Área de Crédito, Graziella Thomáz da Silva, da MGB Consultoria.

O economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo, orienta ainda o empresário a medir o custo da oportunidade com o do empréstimo. “Esperar também, muitas vezes, resulta em perder um grande negócio”, diz. Salvo isso, o economista concorda que o melhor é esperar por novas rodadas de redução da Selic, para só então as empresas começarem a buscar crédito.

Adriana Gavaça