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A atividade industrial dá sinais de recuperação

Guarulhos, 22 de março de 2002

A atividade industrial dá sinais de recuperação no final de trimestre, mesmo com base de comparação – o início do ano passado – bastante elevada. Algumas empresas já exibem números positivos e economistas esperam “indícios mais firmes” no segundo trimestre e “concretização” da recuperação a partir de julho, quando a base de comparação foi derrubada pelo racionamento.

Fabricantes de papelão ondulado, que embala a maioria dos produtos, esperam atingir até o fim do mês algo parecido com as 435,4 mil toneladas produzidas no primeiro trimestre de 2001. E têm a certeza de, no segundo trimestre, superar o do ano passado. A renda deprimida, a fraca oferta de empregos e os juros ainda altos – mesmo depois de o Copom ter reduzido, ontem, de 18,75% para 18,5% a taxa Selic – atrapalham. Mas a Fiesp espera que o nível de atividade acumulado em doze meses já será positivo no mês de maio.

Os juros altos travam principalmente a produção dos setores de bens duráveis. As montadoras tentam cercar o comprador financiando com juros menores. Para conter a queda na produção, a Volkswagen anuncia redução de juros de seu banco de 2,15% para 1,99% ao mês.

A indústria eletroeletrônica parece a mais beneficiada pela conjunção do fim do racionamento com a Copa do Mundo: a venda de produtos de imagem e som em fevereiro superou em 26,43% a de janeiro, e “30% da produção de abril de alguns televisores já está vendida”, diz Paulo Ferraz, vice-presidente da Philips. Os setores de bens semi e não-duráveis também revelam sinais de reação, mas ainda são limitados pela compressão da renda do trabalhador. Mesmo assim, a indústria de alimentos Nestlé estima produzir 9,5% mais neste trimestre, do que no de 2001, segundo o seu presidente no Brasil, Ivan Zurita.

Sandra Nascimento