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Vendas do varejo estão fracas, mas tendem a melhorar

Guarulhos, 20 de fevereiro de 2002

O varejo paulistano apresentou um movimento de vendas negativo na primeira quinzena do mês, em relação a igual período do ano passado. As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito, SCPC, e ao UseCheque – indicadores de vendas no crediário e a vista, da Associação Comercial de São Paulo, ACSP – totalizaram 673.875 e 728.718, o que significou uma retração de 16,9% e de 9,7%, quando confrontadas com os números de igual período de fevereiro de 2001.

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo, lembra que o resultado está distorcido por três fatores: o feriado de Carnaval de 2002 e 2001 aconteceu em épocas diferentes (o desse ano na primeira quinzena e o do ano passado na segunda quinzena), prejudicando a comparação; 2002 tem um dia útil a menos até o momento e a base de 2001 era muito forte. “Mas na segunda quinzena o movimento deve voltar a crescer, impulsionado pelas fortes promoções do varejo”, diz. O presidente da Associação Comercial voltou a lembrar que o Governo poderia ao menos sinalizar uma redução da taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 19% ao ano, ou do compulsório dos bancos. “A queda dos juros ajudaria a economia brasileira a crescer ainda no primeiro semestre”, diz.

Média diária – Considerando a média diária de consultas do crediário e do cheque na primeira quinzena de fevereiro, em relação ao mesmo período de 2001, as quedas são menores, já que se desconta o dia útil a mais anotado no ano passado. A média diária de telefonemas ao crediário na primeira quinzena de fevereiro ficou em 56.156 (uma queda de 9,9%, em relação a igual período de 2001). No UseCheque a média diária de consultas ficou em 60.727, 2,2% abaixo da observada em igual período do ano passado. No confronto do resultado da primeira quinzena de fevereiro e de janeiro observa-se praticamente uma estabilidade de vendas. As consultas ao crediário cresceram 0,2% e as ao cheque caíram 0,6%. Nesse caso, a comparação é mais razoável, já que os dois períodos apresentam o mesmo número de dias úteis, diz o economista da Associação Comercial, Emílio Alfieri.

Sem novidades – A inadimplência do crediário – ao contrário do que aconteceu com os cheques sem fundos, que tiveram um aumento de 25,5% em janeiro – está em queda. Os registros recebidos (carnês em atraso) registraram queda de 17% e 11,8%, em relação a fevereiro de 2001 e a janeiro de 2002, respectivamente. Os registros cancelados – quando o consumidor paga os carnês em atraso -também caíram 7,1% e 16,4%, em relação aos números de fevereiro de 2001 e janeiro passado. Alencar Burti ressalta que também nesse caso os números refletem o menor número de dias úteis do período não podendo ser extrapolados para o mês. Geralmente, consumidor e lojista deixam para notificar os serviços de proteção ao crédito ou pagar o carnê em atraso só depois dos feriados de Carnaval. Em sua avaliação, a inadimplência também deve recuar este mês. “Os números eram bem altos no mesmo período do ano passado”, diz.

Inadimplência líquida – O economista Emílio Alfieri estima que a inadimplência líquida – número de carnês recebidos menos os cancelados divididos pelo números de consultas de três meses atrás – ficará este mês na casa dos 7%. “Na primeira quinzena do mês o número girou em torno disso”, diz. Segundo ele, este pode ser considerado um resultado bom ante os números de 2001 e mostra que lojistas e consumidores mantêm-se cautelosos. Em fevereiro de 2001, a inadimplência líquida ficou em 9,8%. Insolvências – A situação das empresas também não preocupa. As falências e concordatas foram bastante baixas na quinzena.

(Teresinha Matos)