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15% das indenizações de seguros no país são fraudulentas

Contrariando a tendência de fraco crescimento da economia brasileira, o faturamento do mercado segurador brasileiro registrou uma forte expansão nos últimos anos. Mas nem tudo é positivo no setor, uma vez que, segundo dados de um estudo divulgado pela Fenaseg (Federação Nacional de Seguros Privados), o mercado brasileiro possui um dos maiores índices de fraudes do mundo.

No Brasil estima-se que 10-15% das indenizações pagas aos segurados foram fraudulentas, sendo que a arrecadação total com prêmios do ano passado foi de US$ 10 bilhões, ou cerca de 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto).

Para se ter uma idéia da magnitude das perdas com fraude no mercado brasileiro, vale ressaltar que no mercado de seguros norte-americano, onde o faturamento do setor em relação ao PIB é de 11,7%, com vendas estimadas em US$ 1,15 trilhão, os casos de fraudes responderam por 9,1% do faturamento, menos da metade do percentual estimado no Brasil.

O Brasil também registrou um índice de fraude mais elevado do que países como Espanha, Canadá e Reino Unido. Na Espanha, por exemplo, a participação do setor segurador sobre o PIB é de 6,8%, o que equivale a US$ 39 bilhões em prêmios, enquanto o percentual de indenizações fraudulentas foi de apenas 3,9%.

Mesmo percentual de indenizações fraudulentas (3,9% sobre faturamento) foi registrado no Canadá e Reino Unido, onde o faturamento do setor foi de, respectivamente, US$ 55 bilhões e US$ 256 bilhões.

Conscientizando o consumidor

Na opinião do vice-presidente da Fenaseg, Júlio Avellar, ainda falta conhecimento no país de que o maior prejudicado com o alto índice de indenizações fraudulentas é o próprio consumidor, que acaba tendo que pagar mais caro pelo seguro, uma vez que as projeções de fraude entram no cálculo de risco dos seguros.

Na tentativa de conscientizar os consumidores sobre a importância do uso correto dos seguros, as companhias brasileiras decidiram implementar um Plano Integrado de Prevenção de Fraudes em Seguros. Somente em 2003 os investimentos das empresas do setor para o Plano teriam chegado a R$ 6 milhões.

Dentre os segmentos mais afetados pelas fraudes estariam os seguros de automóveis, de saúde, vida e risco patrimonial. A expectativa do vice-presidente da AT Kearney, consultoria contratada para avaliar as perdas com fraudes no país, é que o novo plano permita um benefício de cerca de R$ 165 milhões anuais para o mercado segurador nacional. Montante que poderia facilmente subir para R$ 300 milhões, caso as seguradoras conseguissem aumentar em 2% o número de casos em que conseguem comprovar que houve fraude.

Fernanda de Lima

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