Economia

Faturamento da MPEs de São Paulo volta a cair após dois meses de alta

Receita real (já descontada a inflação) registrou queda de 3,3% em fevereiro em relação a igual mês de 2016, revela Sebrae-SP

Guarulhos, 24 de maio de 2017

Depois de dois meses seguidos de elevação, o faturamento real (já descontada a inflação) das micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo caiu 3,3% em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2016. Contribuiu para o resultado negativo o fato de fevereiro deste ano ter um dia útil a menos do que fevereiro de 2016.  A receita total das MPEs foi de R$ 46,3 bilhões, o que representa um volume R$ 1,6 bilhão menor do que o de um ano antes. As informações são da pesquisa de conjuntura Indicadores Sebrae-SP.

“Momentos de volatilidade no desempenho do setor produtivo ainda são esperados. Foi isso que aconteceu com os pequenos negócios em fevereiro. Após dois meses de aumento no faturamento, voltaram a ver a receita recuar”, afirmou o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf.  “No entanto, acreditamos que resultados positivos voltarão a aparecer.”

Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos (ACE-Guarulhos), William Paneque lamentou os números, mas manteve o otimismo para os próximos meses. “O empresário paulista e brasileiro, no geral, está acostumado a superar dificuldades. O momento não é o dos melhores, mas entidades como o Sebrae e a ACE-Guarulhos oferecem todo o suporte para os pequenos empreendedores. Assim, esperamos ajudá-los neste cenário conturbado”, disse.

O setor com a queda mais acentuada foi a indústria: retração de 12,3% no faturamento de fevereiro ante igual período do ano passado. No comércio, houve diminuição de 3%; nos serviços, a redução foi de 0,8% em igual comparação.

O fraco desempenho da indústria pesou para a redução do faturamento das MPEs do Grande ABC, uma vez que há concentração de empresas desse setor na região. Segmentos que fornecem para a indústria, por exemplo, também podem ter sido afetados.

Nesse contexto, o faturamento dos pequenos negócios industriais no Grande ABC diminuiu 16,2%, configurando-se assim a maior redução entre as regiões pesquisadas. A região metropolitana de São Paulo apresentou queda de 6% em fevereiro de 2017 sobre fevereiro do ano passado. No interior, o recuo foi de 0,5% e no município de São Paulo a queda ficou em 0,4%, na mesma comparação.

Houve queda de 4,7% no pessoal ocupado em fevereiro em relação ao mesmo período de 2016. A folha de salários paga pelas MPEs foi reduzida em 9,1%. Apenas o rendimento real dos trabalhadores teve variação positiva nessa comparação, de 0,9%.

MEI

Fevereiro também não foi bom para o Microempreendedor Individual (MEI) do Estado de São Paulo. No mês, o faturamento da categoria teve um leve recuo de 0,3% ante igual mês de 2016, porém foi a 19ª redução seguida no indicador. A atenuante é que se observa um ritmo de queda mais fraco que nos meses anteriores.

A receita total dos MEIs paulistas ficou em R$ 3,6 bilhões, o equivalente a R$ 9,9 milhões a menos do que em fevereiro de 2016.

Os MEIs da indústria tiveram um aumento de 15,9% no faturamento real sobre igual período de 2016. Os MEIs do comércio e de serviços viram seus ganhos se reduzirem em 4,3% e 3,9%, respectivamente, na mesma comparação.

Os MEIs da região metropolitana de São Pulo registraram variação negativa de 0,8% no faturamento no mês; já os do interior do Estado viram uma discreta elevação de 0,4% no indicador.

“Os Microempreendedores Individuais ainda não conseguiram ‘virar o jogo’ e continuam a ter queda seguidas no faturamento”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “Mas a queda da inflação nos últimos meses favorece o poder de compra da população, o que pode beneficiar o MEI e as micro e pequenas empresas em geral”, conclui.

Expectativas

 A maior parte dos donos de MPEs entrevistados na pesquisa, isto é, 48%, disse, em março, acreditar que haverá manutenção do faturamento nos próximos seis meses. Em março de 2016, essa era a opinião de 56% deles. O grupo dos que falam em melhora passou de 21% um ano antes para 39% em março deste ano.

Para 47% a economia brasileira ficará estável nos próximos seis meses, ante 38% em 2016; já a parcela daqueles que creem em melhora subiu de 15% um ano antes para 34% agora.

Por sua vez, 58% dos MEIs pesquisados esperam melhora no faturamento nos seis meses que estão por vir; eram 47% um ano antes. Outros 34% preveem estabilidade ante 33% em março de 2016; e 5% acreditam em redução da receita sobre 15% de um ano antes.

Sobre a economia, aumentou de 29% para 50% a parcela dos que falam em melhora. Para 37% ela ficará estável – eram 32% há um ano, e 10% esperam piora, grupo bem menor do que os 34% que acreditavam em piora, em março de 2016.

A pesquisa

A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1,7 mil proprietários de MPEs e 1 mil MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob essa figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.