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Granola vira produto gourmet no Brasil

Guarulhos, 01 de abril de 2013

Quem diria: a granola, associada desde sempre à alimentação saudável no Brasil, passa a ser uma das principais coadjuvantes nos cardápios de alguns restaurantes e redes de alimentação mais “in” do circuito gastronômico. Exemplos disso são as versões com laranja, amêndoas e gengibre do Moinho de Pedra, a salada de granola do Beth Cozinha de Estar, ou as salgadas das redes Wraps e Viena. O composto de cereais ganhou até novas versões que, além de agradar paladares mais sofisticados, também se tornou um dos bons resultados de um projeto para valorizar os produtos nacionais,  apoiado por chefs como Alex Atala e Heloísa Bacellar.

Mesmo sem ser um ingrediente indispensável no cenário gourmet tupiniquim, nem de ter voltado à moda entre os restaurantes “inovadores”, como em Nova York, a versatilidade da granola sempre a mantém no circuito. “Seu consumo, de fato, sempre é associado à alimentação saudável, ao de cereal matinal agregado à frutas ou iogurte. Mas há boa aceitação em pratos quentes ou frios, saladas e sobremesas, seja para compor, fazer acabamento, gerar crocância, textura ou visual inusitado”, explica Michele Novembre, professora do curso de gastronomia do Centro Universitário Senac – Águas de São Pedro.

Exemplo disso é a rede de restaurantes Viena, onde há tempos a granola caiu no gosto dos clientes. Usada no bufê de sobremesas há dez anos – principalmente na salada de frutas com calda de frutas vermelhas –, recentemente entrou no menu como opção salgada do gourmet para finalizar saladas, diz a chef Camila Prado. “É um ingrediente diversificado, que contém muitos sabores, nuances e texturas na mesma mistura. Ela sempre remeterá à alimentação mais saudável, mas o consumidor está tão acostumado que abrasileirou o produto com suas próprias frutas, passas e oleaginosas”, afirma.

Outro exemplo é o restaurante de culinária natural gourmet Moinho de Pedra, da chef Tatiana Cardoso. Lá, a granola tem lugar cativo, e é usada como principal ingrediente de bolo, na salada de frutas ou na versão salgada, com aveia, semente de girassol, castanha e gergelim. Simpatizante do composto, Tatiana criou até uma granola diferenciada, com laranja, amêndoas e gengibre “para comer em casa” – um hábito bem comum do brasileiro, segundo a própria chef.

“Diferente de Nova York, aqui se toma café na padoca, não em restaurantes. Falta um cereal bacana, uma panqueca legal, um bom iogurte. Por isso a granola, que é um superenergético, costuma ser mais consumida como um item complementar, que não vai muito além do circuito natural. Mas isso está mudando nos últimos anos”, acredita.