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Uso de crédito deve ser feito com bom senso

Guarulhos, 21 de maio de 2010

O descontrole no uso de crédito pelos novos consumidores é um sinal de alerta para o mercado financeiro e o setor varejista. Essa é a análise feita pelo diretor-presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, Celso Grisi, durante a reunião do Conselho Consultivo do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), realizada ontem na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Segundo Grisi, o mercado tem sido muito agressivo na concessão de crédito para as famílias de menor renda (aqueles que recebem entre R$ 1,2 mil e R$ 4 mil). “Hoje se chegou a um patamar absurdo porque a renda dos novos consumidores não acompanha a velocidade da oferta do crédito e suas facilidades”, disse.

O alerta do especialista, baseado em um conjunto de pesquisas financeiras, é compartilhado pelo diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), da ACSP, Marcel Solimeo. “A tomada de crédito pelos emergentes é hoje o segundo fator de inadimplência, o que mostra um risco. Enquanto esse grupo está com um índice de 8,4%, o dos antigos consumidores não passa de 7%”.

No entanto, segundo Solimeo, mesmo com o risco, as projeções para o segundo semestre continuam otimistas. “Os números do emprego estão positivos, as vendas continuam em alta, assim como a expansão do crédito. Acredito que não teremos surpresas neste próximo semestre. O mercado já fala até em um crescimento de 7% do Produto interno Bruto (PIB).”

Na avaliação de Grisi, para manter o cenário econômico aquecido é fundamental diminuir a oferta de crédito. “Há uma transformação preocupante no comportamento do consumidor, que é o descontrole no uso do crédito. Vejo muitas razões para se diminuir essa oferta massiva porque ele já entrou na disputa do pagamento com o aluguel e a cesta básica. Está na hora de repensar essa estrutura.”

Ele também fez um alerta sobre a renegociação de dívidas. “É como aprovar também um aluno que não estudou”, disse o executivo da Fractal.