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Empresas criam programas contra vício do cigarro

Guarulhos, 12 de maio de 2009

A proibição de fumar em locais fechados, inclusive em veículos de transporte coletivo, táxis e áreas comuns de condomínios e hotéis, deverá entrar em vigor no dia 5 de agosto. Mas a lei sancionada pelo governador José Serra, na semana passada, já é rotina em algumas empresas há certo tempo e com resultados positivos.

A analista de cadastro Sandra Troiano, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), é um desses casos. Há nove meses ela largou o vício depois de consumir cigarro por 11 anos. A tarefa não foi simples e exigiu muita força de vontade. “Continuei fumando, mesmo depois de retirar um nódulo cancerígeno da tiroide. Fumava com medo, mas era um jeito de aliviar minha ansiedade. Por isso, quando a empresa disse que teríamos acompanhamento médico, não pensei duas vezes e aceitei o desafio. Usei adesivos e hoje estou livre. E, quando sinto falta, eu penso na minha saúde.”

O programa da ACSP, de incentivo aos funcionários, começou no ano passado. Das 16 pessoas que participaram, oito deixaram de fumar. Além do acompanhamento médico, os funcionários têm o reembolso de 50% para a compra de medicamentos.

Na multinacional de eletroeletrônico Phillips, o programa de prevenção a doenças e promoção da saúde, que inclui o tabagismo, também rende excelentes resultados. Em 2004, 23% dos cerca de 5 mil funcionários eram fumantes. Atualmente, esse índice é de 7%. “Traçamos um plano para atender os que queriam parar de fumar da melhor maneira, com custeio integral de medicamentos, terapia psicológica, condicionamento físico, massagens, homeopatia e acupuntura. Tudo para facilitar ao máximo. Mesmo assim, o grau do sucesso não é 100%, pois muitos desistem no meio do tratamento”, disse o gerente de saúde e qualidade de vida, Renato Barreiros.

Na Johnson & Johnson, o programa de incentivo também surtiu bons resultados. A medida que proíbe fumar em todos os locais de operações da empresa beneficia diretamente, só no Brasil, mais de 4,8 mil funcionários. Cerca de 380 pessoas já aderiram ao PAE (Programa de Assistência ao Empregado) para parar de fumar.

A média de recuperação é de 78%. O programa inclui acompanhamento psicológico e de assistentes sociais, entrevistas individuais para avaliação da dependência química, encontros semanais em grupos, subsídio de 80% do tratamento com reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma), entre outros benefícios.

Para a psicóloga Izabel Rivas, do PAE, a adoção de um ambiente de trabalho livre do fumo estimula que mais pessoas reduzam o uso do cigarro ou parem completamente de fumar. “Desde a divulgação da nova política, muitos funcionários procuraram espontaneamente o programa da empresa que, desde 2000, auxilia funcionários, familiares e contratados no desafio de parar de fumar”, disse. Esse também é o caminho apontado pelo vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Carlos Pessoa. A empresa deve auxiliar os funcionários com programas de saúde para conscientizá-los sobre os malefícios do cigarro. “Um trabalho permanente, mas não obrigatório”, afirmou Pessoa.