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Um bom ano, mas já passou

Guarulhos, 30 de janeiro de 2009

O setor de máquinas e equipamentos fechou 2008 com faturamento nominal de R$ 78 bilhões, valor que representou crescimento de 26,7% sobre 2007. Mas o bom resultado não significa que os empresários do setor estejam otimistas para 2009. Os números do último trimestre do ano passado dispararam o alerta ao revelarem queda de 9,9% na comparação com o trimestre anterior. O temor é de que a retração continue ao longo do ano, preocupação que faz o segmento projetar queda de 19% nas vendas para o primeiro trimestre.

Uma sondagem feita com 304 empresas revelou que, entre setembro e dezembro do ano passado, houve queda de 39% nas efetivações de novos contratos de vendas. Hoje, a carteira de pedidos do setor está em 19 semanas, o melhor desempenho da história. Porém, a queda considerável dos negócios fechados no final de 2008 deve reduzir consideravelmente este prazo. Para reverter essa tendência, a Associação da Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) espera medidas do governo que reduzam impostos sobre o setor produtivo e amplie a concessão e facilidade de crédito.

De acordo com Carlos Pastoriza, vice-presidente da Abimaq, sem a liberação de crédito no mercado, há o risco de as empresas fecharem as portas por não conseguirem recursos para capital de giro. “O medo de emprestar dos bancos é injustificável. Mas se o governo baixasse mais a Selic, as instituições financeiras deixariam um pouco de lado os títulos públicos e voltariam a ter segurança para emprestar para o mercado”, diz Pastoriza.

O vice-presidente revelou também que a linha de crédito criada pelo Banco Nossa Caixa, que disponibilizava R$ 200 milhões para o setor, não está sendo usada. De acordo com o executivo, “as condições especiais vendidas pela Nossa Caixa não foram tão favoráveis quanto se esperava”. Ele diz que os juros praticados pela instituição estão entre 3% a 3,5%, patamar bem acima do experimentado antes da crise, em torno de 1,5%.

Com relação à mão-de-obra, o final de 2008 registrou a maior queda dos últimos dez anos. Dezembro de 2008 registrou redução de 2,1% sobre novembro, o que equivale a um corte de 7,4 mil postos. No entanto, o ano passado também mostrou recorde histórico de empregos gerados no mês de outubro, quando foi alcançada a marca de 249,3 mil postos.

As expectativas de investimentos também foram reduzidas para R$ 6,9 bilhões, ou 2,9% a menos do que 2008, ano no qual o montante chegou a R$ 7,1 bilhões, o que também representou queda de 9,8% sobre 2007. As exportações alcançaram US$ 12,8 bilhões em 2008, mas as importações somaram US$ 21,9 bilhões, um déficit de US$ 9 bilhões na balança comercial setorial.