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Venda de carro usado cai pela metade

Guarulhos, 18 de dezembro de 2008

Os revendedores de veículos usados pedem às instituições financeiras o afrouxamento dos critérios para concessão de crédito à pessoa física. A medida, segundo a Federação Nacional das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), seria a única saída para o setor recuperar terreno perdido com a crise. De acordo com a federação, as vendas de usados despencaram 55%, tanto em outubro como em novembro, na comparação com setembro, mês em que os impactos da desaceleração da economia mundial ainda não eram sentidos no mercado brasileiro. “O preço do carro usado caiu e as taxas estão sendo reduzidas. Mas nada disso adianta se os bancos não aprovarem o crédito para o consumidor. Hoje, tem banco exigindo fiador para conceder empréstimo”, informa Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Fenauto.

Aproximadamente 70% das vendas de veículos usados são financiadas. O problema é que, com a crise, as instituições financeiras ficaram mais seletivas na concessão do crédito, temendo aumento da inadimplência em decorrência de um possível crescimento do desemprego. Nessa nova peneira, segundo Antônio Sanzi, proprietário da revenda Porsche Veículos, um dos critérios de seleção adotado pelos bancos foi aumentar o valor da entrada mínima exigida no financiamento, que hoje não é inferior a 10% do valor do veículo, na maioria dos casos. Como conseqüência, as vendas caíram.

Sanzi diz que, antes da crise, conseguia desovar os 100 veículos de seu pátio em dois meses. Hoje, ele avalia que são necessários cinco meses, no mínimo. A queda nas vendas ocorreu mesmo depois uma con-siderável redução do preço dos usados. Em alguns casos, principalmente entre modelos importados, a desvalorização chegou a 30%. Veículos mais procurados, como os 1.0 e os Flex, tiveram os preços reduzidos em 10% na média. “Depois da crise, perdi 20% do valor do meu pátio”, diz Sanzi.

Outro fator que poderia impulsionar as vendas, segundo o presidente da Fenauto, é a redução das taxas de juros dos veículos usados. De acordo com ele, hoje a taxa média é de 1,7% ao mês. Esse patamar chegou a 2,8% em algumas financeiras nos meses de outubro e novembro. “Com R$ 30 mil, preço de um carro popular zero quilômetro, hoje é possível comprar um Toyota Corola ano 2006 completo. O consumidor tem procurado as revendas porque vê que este é um bom momento para comprar , mas não consegue aprovação do crédito”, diz Santos.

Para driblar a crise e tentar segurar o nível das vendas a saída é oferecer vantagens aos clientes. Sanzi diz que passou a segurar cheques pré-datados para o consumidor e oferecer parcelas sem juros para quem der uma entrada de 50% do valor do veículo. Além disso, o proprietário da loja Porsche diz que passou a aceitar “barganhas” do cliente. “Passei a dar desconto de até 10% nas negociações.”

Mesmo assim, suas vendas caíram 50% nos últimos dois meses na comparação com setembro. A previsão do setor de usados é fechar o ano com retração de 2% nas vendas, na comparação com 2007.