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Preços de seminovos caem 10%

Guarulhos, 04 de dezembro de 2008

Os preços dos veículos seminovos devem manter a tendência de queda registrada desde a explosão da crise de crédito, que afetou a venda dos carros zero quilômetro. De acordo com o analista de mercado da consultoria Molicar, Vitor Meizikas Júnior, a redução nas tabelas dos usados deve-se a um “ajuste” de mercado. “Com crédito abundante, os preços dos veículos subiram muito. Podia-se cobrar R$ 44 mil de um carro de R$ 40 mil se as parcelas chegassem a 70 vezes. O consumidor só olhava para a prestação. Com isso, por exemplo, usados com quatro anos chegavam a custar apenas 15% menos que um novo quando o normal do mercado é essa relação chegar a 30%. A tendência agora é o preço do usado distanciar-se do zero quilômetro”, disse. Só na semana passada, segundo o consultor, a tabela dos seminovos caiu, em média, 10%.

A falta de crédito e a desconfiança do consumidor com a crise internacional, que pode levá-lo ao desemprego, também ajudam a segurar os preços dos usados. O grande volume de carros nos pátios promove o desinteresse das revendedoras em aceitar o usado na aquisição de um zero quilômetro. Para aceitar o seminovo nessa negociação, as lojas exigem excelente conservação. Além disso, o preço oferecido pelo varejo nos negócios será pelo menos 20% inferior ao custo de tabela do carro. Em alguns casos, a redução na oferta da concessionária varia em até R$ 8 mil menos que o valor cotado há três meses.

Um terceiro fator que ajuda na redução dos preços dos usados, pois colabora com o aumento dos carros nas revendas é proporcionado novamente pelo excesso de crédito. “Muitas pessoas que compraram carros novos com parcelamento em até 90 vezes, sem olhar o quanto o carro iriam custar ou quantos juros iria pagar, já não conseguem mais sustentar essa situação. Tem muita gente procurando as revendedoras para trocar o veículo por outro de menor valor ou deixar o carro na loja. Os pátios das instituições financeiras também estão lotados com carros apreendidos pela alienação fiduciária (o banco retoma os veículos por falta de pagamento)”, observou Meizikas Júnior.

O presidente da Associação das Revendas Independentes do Estado de São Paulo (Assovesp), George Chahade, disse que, com mais cautela, as revendedoras procuram elitizar os estoques com veículos de melhor qualidade. De acordo com ele, o fator fundamental para a retração no mercado foi o desaparecimento da classe C das lojas com o fim dos financiamentos longos pelos agentes financeiros.

Para o presidente da Assovesp, o mercado de usados deve se recuperar depois do primeiro trimestre de 2009. “Vai voltar o momento quando cada um comprava o carro que podia”, disse.