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Guarulhos terá mais de 120 candidatos a vereador evangélicos nas eleições

Guarulhos, 15 de setembro de 2008

No país, em 2006, havia por volta de 35 milhões de evangélicos, ou 18,92% da população brasileira. Há três décadas, esse número não passava de sete milhões, que chegaram a 13 milhões no começo da década de 1990 e 26 milhões no início do século. Se o crescimento continuar neste ritmo, calcula-se que a proporção entre católicos e evangélicos será igualada na segunda metade do século.

Em Guarulhos, o partido com mais candidatos evangélicos é o PV, com 20, seguido do PSDB (11), PHS e PDT (8), PPS (7), PC do B (6), PSC e PDT (4), PMN (2) e PMDB (1). A coligação “Pra Guarulhos Continuar no Rumo Certo”, que engloba o PT e mais 11 partidos, não forneceu informações a respeito dos candidatos, assim como o DEM do candidato a prefeito evangélico Jorge Tadeu. Contudo, o Guarulhos Hoje apurou que ambas as coligações possuem ao menos 50 evangélicos que pleiteiam uma vaga no Legislativo guarulhense.

Por ser uma comunidade que verifica bons índices de crescimento no país, é natural que também aumente a quantidade de candidatos a qualquer cargo público. Contudo, vantagem dos evangélicos é que os fiéis que freqüentam as igrejas costumam votar em peso nos seus candidatos, o que não acontece na mesma proporção com os católicos, por exemplo.

Na verdade, os candidatos evangélicos não admitem isso (tampouco o fazem os católicos), mas é inegável que a influência dos pastores é grande e que os cultos podem se tornar uma boa oportunidade de angariar votos. Além disso, o dízimo (porcentagem dos ganhos mensais dos fiéis que são doados à Igreja) recolhido também é um importante fator para os que tentam se eleger vereador, já que a maioria, por si só, não possui condições de realizar uma campanha muito ampla.

Segundo um candidato evangélico ouvido pelo GH, mas que não quis se identificar, os fiéis de fato votam, em sua maioria, em freqüentadores da mesma igreja. “Mesmo assim, não é fácil se eleger, já que as igrejas não são muito grandes, à exceção de algumas poucas”, disse ele, que considera a candidata evangélica do PSL Edna Macedo uma das favoritas para levar uma vaga na Câmara, já que é irmã do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, e deve ter uma enxurrada de votos em Guarulhos.

No próprio Legislativo, o consenso é que Edna ficará com uma das vagas. Hoje, apenas dois vereadores evangélicos do quadro se mostram atuantes: o cantor gospel Nando Menezes (PP) e o advogado Francisco Barros (PSL). Entre os candidatos, a expectativa é a mesma. Para o pastor Ailton Rodrigues dos Santos, do PSDB, Edna será eleita tranqüilamente. “Basta uma Igreja com 5 mil pessoas votar nela que será eleita. Nisso, eles são fiéis”, disse.

Nas últimas eleições, o vereador menos votado foi justamente Barros com 1.658 votos, enquanto que o “vencedor” foi Adílson Valente (PC do B), com 5.503 votos. Portanto, mesmo levando em consideração o aumento populacional desde então, apenas uma igreja votando em peso em Edna será suficiente para elegê-la. A expectativa, contudo, é que ela seja a mais votada no pleito marcado para o dia 5 de outubro.

Nas igrejas menores, dificuldades aumentam – Para os candidatos que não têm uma base tão sólida quanto a de Edna Macedo, o jeito é divulgar suas propostas em igrejas menores, geralmente freqüentada por pessoas do bairro no qual ela está instalada. De um modo geral, eles acabam conversando com esses fiéis e pedindo votos, o que raramente é o bastante para elegê-los.

Entre os candidatos que falaram abertamente com o GH, à exceção do pastor Ailton, nenhum admite abertamente que os eleitores evangélicos dêem preferência a candidatos do mesmo credo. Para Sebastião Gomes (PV), os fiéis podem até confiar mais naquele que pertence à sua igreja, mas isso não os leva necessariamente a votar nele. “O pastor dá essa liberdade de voto”, afirma ele, evangélico desde 1969 e freqüentador da igreja Ministério de Cristo Jesus, no Jardim Bela Vista.

Segundo o candidato Manoel Messias (PC do B), que pertence à Assembléia de Deus e se candidata pela primeira vez ao cargo de vereador, na grande maioria das vezes os pastores das igrejas evangélicas que apóiam um candidato acabam sendo seguidos pelos fiéis, mas isso não é garantia de votos. “O meu ministério, por exemplo, é pequeno e não há membros suficientes para me eleger. Desse modo, tenho que colocar minhas propostas também em outros lugares. Tenho uma equipe de vendas que trabalha na rua, de porta em porta e, como estou neste ramo há 13 anos, acho que com essa clientela tenho possibilidades de me eleger”, afirmou.

No PV, há também um Manoel Messias, mas ele teve de registrar outro sobrenome porque o candidato comunista já havia feito antes dele: passou, então, a se apresentar como Manoel Japão. Ele comentou que, como candidatos e eleitores evangélicos têm muito em comum, os segundos tendem a votar nos primeiros. “Alguns, contudo, dizem que vão votar, mas acabam não votando, do mesmo modo que outros de religiões diferentes podem votar sem problemas nos evangélicos”, disse.

Já o pastor Ailton revela que, em suas conversas com os fiéis, não pede votos apenas para si próprio, como também para o candidato a prefeito da coligação, Carlos Roberto. “Nós temos mais possibilidades de votos mediante a um trabalho na igreja, mas mesmo assim é difícil, já que muitos acabam não expondo seu plano de trabalho”, conta. Ou seja, apenas pedem votos, o que não é mais suficiente para garantir o apoio dos fiéis. “Os evangélicos, atualmente, têm a mente mais aberta com relação à política. Eles participam de palestras e, devido aos vários casos recentes de corrupção, passaram a ficar mais atentos às propostas dos candidatos”.