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Private label: poucos benefícios

Guarulhos, 06 de agosto de 2008

Os juros cobrados pelas empresas de varejo para os seus cartões private label são tão elevados quanto os dos cartões de crédito tradicionais, ou mais. A taxa para refinanciamento (rotativo) pode chegar a 15,4% ao mês. O levantamento faz parte de um estudo comparativo entre cartões private label feito pela empresa de monitoramento CardMonitor, que analisou os maiores do mercado: Americanas, C&A, Carrefour, Hipercard, Marisa, Pernambucanas, Ponto Frio, Renner, Riachuelo e Submarino.

Segundo José Antonio de Carvalho, sócio-diretor, um dos motivos dos varejistas cobrarem taxas tão elevadas se deve à perda de rentabilidade da anuidade – a maioria dos private label não cobram essa tarifa. Segundo o estudo, as Lojas Americanas cobram o maior juro no rotativo, 15,4% ao mês. A Riachuelo tem a menor taxa, de 9% ao mês.

A boa notícia, segundo Carvalho, é que, conforme evolui o relacionamento com o cliente, a tendência é de as empresas diminuírem a cobrança. “Por não conhecedor o perfil pagador do consumidor, as empresas oferecem o cartão com juro elevado para o rotativo. Se ele se mostrar um bom pagador, a tendência é de a taxa cair”.

Em um mercado competitivo, os private label são uma forma de fidelizar. Se bem utilizados, tornam-se uma importante ferramenta de marketing, pois, ao acompanhar o histórico de compras do cliente, o varejista forma um banco de dados para criar, por exemplo, campanhas e promoções específicas para cada perfil.

O executivo da CardMonitor alerta: o varejista interessado em adotar o private label como ferramenta de venda, deve oferecer alguma vantagem que o cliente não tem se comprar com o cartão tradicional. “Essa é a essência do instrumento: oferecer algo para o consumidor sentir necessidade de ter aquele cartão. Caso contrário, um plástico tradicional é o suficiente”, diz.

Em geral, a vantagem vem em forma de parcelamento mais flexível ou em descontos em determinados produtos. No caso do cartão C&A, é possível comprar em até cinco vezes sem juros, sem valor mínimo para as parcelas. Nos produtos de outros emissores, o parcelamento é em menos vezes. Usando a bandeira Visa por exemplo, os artigos de vestuário da loja são parcelados em até três vezes para compras acima de R$ 50. No Carrefour, compras acima de R$ 120 efetuadas com o cartão da marca permitem entregas de táxi, sem custo, em um raio de dez quilômetros da loja.

Emitir o plástico no ato do preenchimento da proposta é outra vantagem do private label em comparação com os demais cartões. “Esse procedimento incentiva a compra por impulso”, afirma Carvalho. Por isso, é importante a presença de promotores na loja para agilizar o atendimento. Dos cartões analisados, apenas Carrefour e Ponto Frio não emitem o plástico no ato da aprovação, mas permitem efetuar a primeira compra na hora. O estudo completo será apresentado no 4º Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor, de 27 a 29 de agosto de 2008, no Hotel Transamérica.