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Crise da água e seu legado

Guarulhos, 05 de dezembro de 2014

Este ano foi marcado pelo colapso do abastecimento de água no principal estado da federação – São Paulo, consequência, dentre outras, do descaso dos nossos governantes e a irresponsabilidade que nós tratamos nosso  meio ambiente e seus recursos .

As explicações são inúmeras para este cenário.  O maior período de estiagem dos últimos 80 anos, falta de planejamento e obras de ampliação, interligação dos reservatórios existentes, falta de novos reservatórios, índices de perda de água altíssimos nas redes de abastecimentos, a precariedade do processo de tratamento de esgoto, falta de legislação e políticas que possibilitem o processo de reuso da água para consumo humano, desmatamento e ocupação desenfreada das áreas de mananciais, entre outras que não minimizam o desespero e o sofrimento do cidadão quando abre sua torneira e dali não vê sair nada.

Este mesmo cidadão que já se vê cobrado com relação ao seu comportamento diante vários temas como a geração de lixo e o consumo consciente de energia elétrica, agora também é cobrado com relação a água, uma cobrança que passa por um uso mais racional desse recurso até por aquelas pessoas que mesmo antes dessa terrível crise hídrica já não tinham acesso a água regularmente , demonstrando, mais uma vez, que a responsabilidade  imputada ao cidadão é pesada  e potencializada pela incompetência e falta de comprometimento dos governos.

Que o legado desta crise não fique mais uma vez na mudança de hábito imposta ao cidadão, que está valorizando muito mais o consumo racional da água como, também, tem criado soluções para utilizar e reutilizar este precioso líquido em seu dia a dia. Mas se faz necessário também o compromisso do poder publico em todas suas esferas de planejar, executar ações e obras com o objetivo de garantir o abastecimento da população e preservar esse recurso natural, já que nosso país detém as maiores reservas de água doce do mundo. É também importante para a soberania de nossa nação, já que esse recurso natural é essencial na cadeia produtiva e será em um futuro próximo fruto de grandes disputas mundiais.

William Cotrim Paneque é Presidente do Instituto Recicla Cidadão, Diretor de Meio Ambiente da ACE e Conselheiro do SAEE