Notícias

O melhor Natal dos últimos tempos para o comércio

Guarulhos, 24 de dezembro de 2007

A economia este ano foi bem e deve fechar com melhores resultados do que nos anos anteriores. Para quem acompanha o dia-a-dia do mercado, como o economista Marcel Solimeo, superintendente do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), é uma movimento natural e não há surpresas neste fato: “As pessoas normalmente ligam o mês de dezembro com os presentes de Natal, mas não é só isso. O que impulsiona as vendas é a injeção de dinheiro por conta do 13º salário, que as pessoas usam para adquirir bens que estão necessitando”.

Em sua opinião, uma conjunção de fatores vem contribuindo, e não é de hoje, para o aquecimento da economia e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). A renda do trabalhador aumentou, principalmente para aqueles que ganham menos, houve uma queda no nível de desemprego, durante o ano a taxa de juros caiu sucessivamente, houve uma expansão do crédito e a inflação está controlada: “Com o aumento da renda e do consumo, um fator importante que ajudou a segurar os preços foi o câmbio, que barateou os produtos importados e componentes eletrônicos. Há setores em que a queda de preços foi de 8% a 10%”. Para Solimeo, o leve aumento na inflação que se registra é por conta da sazonalidade e fatores climáticos que influenciam alguns itens de alimentos.

Uma questão que preocupa o economista é o endividamento. As classes mais baixas tiveram um aumento na renda e acesso ao crédito: “Esta camada da população não está acostumada com o gerenciamento de dívidas. Se no próximo ano a economia continuar crescendo, os juros se mantiverem baixos e a renda aumentar, este endividamento é superado. Se por alguma razão tivermos um viés na economia, a situação poderá se complicar”.

Segundo o economista, esta semana deve registrar o pico de vendas, já que muitos trabalhadores recebem a segunda parcela do 13º salário e também há o costume de deixar as compras para a última hora. Uma pesquisa da Itaucard, chamada Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento, revela que entre os dias 18 e 24 as transações com cartões de crédito devem somar R$ 6,1 bilhões, perto de 30% do volume total esperado em todo mês de dezembro, de R$ 20,7 bilhões. Este último número é histórico, pois representa quase 42% a mais que um mês normal e 21% superior ao mesmo período do ano passado.

Confirmando o que disse Marcel Solimeo, a pesquisa revelou que vem aumentando a participação de classes mais baixas no consumo. O volume de transações realizadas pela população com renda até R$ 1.499 cresceu 24% este ano, somando R$ 85,6 bilhões.

A diminuição da taxa de desemprego é outro fator que contribuiu para o aumento no consumo este ano, com reflexos visíveis neste período de Natal. Segundo o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann, especialista em mercado de trabalho, o número de empregos formais vem aumentando desde 1999, mas até 2005 a quantidade de postos de trabalho criados não era suficiente para cobrir os desempregados e a massa de novos profissionais que todo ano chega ao mercado. Por essa razão a taxa de desemprego não vinha caindo. Em comparação ao ano passado, essa taxa caiu de 10,6% da população economicamente ativa para 9,5%.

Vendas em alta – Em épocas de recessão e desemprego, em que as vendas estão baixas, o comércio procura formas de atrair os consumidores. Em natais passados, como os de 2002/03, os shopping centers sortearam carros, viagens e outros prêmios. Este ano, com o vento a favor, raramente se vê alguma promoção desse tipo, não é preciso. Os consumidores estão lotando os shoppings e as ruas de comércio.

Estimativas da Alshop – Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, indicam um aumento nas vendas entre 10% e 12%. Levantamentos feitos junto a lojistas apuraram que, em média, as grandes redes de lojas projetam o crescimento de 15,8 % no que vão comercializar nesse ano, em comparação às vendas natalinas de 2006. Mas as grandes redes são aproximadamente 30% da ocupação dos centros de compra. A maioria, portanto, é de pequenos e médios lojistas, que projetam aumento menor, entre 5% e 7%, fazendo com que a média fique entre 10% e 12%. Em média, 50% das vendas nas grandes redes são pelo crediário, 40% cartão de crédito e 10% à vista (cheque ou dinheiro).

Mas se não há sorteio de carros, por outro lado os shoppings estão gastando mais na decoração de Natal. Segundo a Alshop, os shopping centers estão investindo este ano R$ 350 milhões em decoração, valor 17% maior que no ano passado.

Uma pesquisa realizada pela Abras – Associação Brasileira de Supermercado revelou que a expectativa para 72% dos entrevistados é de que as vendas aumentem em média 11% neste período de festas de fim de ano em relação ao mesmo período do ano passado. Na opinião do presidente da entidade, Sussumu Honda, este é um número até conservador, já que nesta época há mais dinheiro circulando, por conta do 13º salário e gratificações, além das diversas ações promocionais da indústria: ”Dependendo do porte da loja, o período de Natal representa um incremento de vendas de 25% a 40% em comparação ao mês de novembro”.

Mas nesse quesito de aumento nas vendas nenhum setor supera o comércio eletrônico, via internet. A estimativa é de que, somente neste período de Natal, as vendas alcancem R$ 1 bilhão. No ano, o segmento deve faturar R$ 6,4 bilhões, aumento de 45% em comparação ao ano passado. As vendas de computadores estão aquecidas, os preços em queda, o Brasil já possui trinta milhões de usuários domésticos de internet e a população de baixa renda vem tendo acesso ao cartão de crédito. Estes são os principais responsáveis pelo crescimento do comércio eletrônico.