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Investimentos a todo vapor

Guarulhos, 22 de novembro de 2007

De olho no aumento do consumo no País, o setor industrial deve aumentar os investimentos em 2008. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 42% das empresas ampliarão sua capacidade produtiva. O cenário é semelhante ao de 2004, quando a economia brasileira cresceu 5,7%. Em sondagem semelhante realizada no fim de 2006, apenas 32% das companhias pretendiam investir mais.

O alvo deles será prioritariamente o mercado doméstico. Por causa da valorização do real em relação ao dólar, que reduziu o lucro das grandes empresas, a participação dos investimentos voltados para atender às exportações vem caindo nos últimos anos. Atingiu apenas 5% na programação das companhias para 2008 – era de 11% em 2004.

“A taxa de câmbio tem uma força grande na decisão dos empresários sobre o foco dos investimentos”, avaliou o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco. Entre as empresas que pretendem aumentar os investimentos, 73% têm o objetivo de atender prioritariamente o consumo interno e 22% se concentram igualmente nos mercados interno e externo.

A pesquisa mostra que 45% dos empresários consultados devem manter inalterados seus investimentos em 2008 e 13% esperam reduzi-los. A necessidade de aumentar suas aplicações é urgente porque 20% das indústrias estão com a capacidade produtiva menor que a demanda prevista para 2008. Entre as de pequeno porte, esse percentual sobe para 22% – apenas 14% das grandes estão nesta situação.

Contraditório – Mas são justamente as maiores corporações que estão mais dispostas a investir em máquinas e equipamentos, embora a expansão do parque produtivo seja mais necessária entre as pequenas empresas. Segundo o economista da CNI Paulo Mol, isso ocorre porque elas gastaram menos que as grandes companhias neste ano. Além disso, elas têm maior dificuldade de acesso ao crédito.

Castelo Branco destacou que, apesar da queda dos juros, a oferta de crédito se dirigiu principalmente aos consumidores e menos para o setor produtivo. Mol descartou, no entanto, a possibilidade de ocorrer um aumento da inflação por conta de problemas na oferta. “O risco é residual. Os setores que estão com a capacidade produtiva pouco adequada à demanda são justamente os pretendem investir mais no próximo ano.”

A CNI constatou ainda que um número maior de companhias está aplicando efetivamente os recursos planejados. Em 2007, 43% cumpriram o previsto, ante 26% no ano passado. Entre as grandes, apenas 4% adiaram ou cancelaram os projetos previstos para este ano. Esse percentual sobe para 21% no universo das pequenas empresas. Os motivos apontados para a postergação dos investimentos são principalmente a reavaliação da demanda, o custo financeiro do projeto e, para as grandes empresas, a taxa de câmbio desfavorável.