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Varejo Verde: será o fim do plástico?

Guarulhos, 27 de setembro de 2007

O varejo está preocupado com a utilização de sacolas plásticas e procura alternativas para diminuir o consumo ou substituir o uso por completo

Algumas lojas e supermercados começam a aderir ao movimento, incentivando o uso de sacolas com material reciclável e de tecidos. De acordo com dados da Fundação Verde, nos supermercados brasileiros, são consumidas um bilhão de sacolas plásticas por mês. Na capital paulista, são 66 milhões mensais. Desses números, estima-se que 80% se transformam em sacos de lixo doméstico.

Diante desse cenário, empresas já propõem alternativas. A Gatto de Rua aposta na Bag Market. Confeccionada em tecido não tecido (TNT), a sacola pode ser acomodada no carrinho de supermercado e tem três repartições, que podem ser levadas separadamente. Cada sacola agüenta até 30 quilos. Os valores vão de R$ 60 a R$ 80 .

Já a rede Pão de Açúcar incentiva seus clientes a comprar o produto retornável. Também em TNT, as sacolas têm desenhos de animais em risco de extinção. As sacolas, feitas em parceria com a SOS Mata Atlântica, custam R$ 3,99. Em todo o País, já foram vendidas aproximadamente 80 mil.

A Tok&Stok é outra empresa que está investindo em embalagens de papel. As sacolas para presente são feitas de material pós-consumo reciclado. “Essa iniciativa de trocar o papel branco por um material 100% proveniente de lixo reciclado é benéfica para todos. O investimento representa uma forma viável de proteção às áreas ambientais e agrega valor e consciência ao nosso consumidor”, disse o gerente comercial, Nilo Signorini.

Para incentivar o consumidor a racionalizar o uso de sacolas descartáveis e a optar pelas retornáveis, no último dia 12, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, lançou a campanha Eu não sou de plástico , com a criação de dois modelos em tecido. As versões “Eu não sou de plástico” e “Minha vó já usava sacola de pano” ficarão expostas no Senac da Lapa até o dia 4 de outubro.

Os temas alternativas de embalagens e os impactos das sacolas plásticas no meio ambiente foram debatidos ontem, em um fórum realizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), na Fundação Getúlio Vargas.

Números – Não faz muito tempo que as sacolas de plástico passaram a fazer parte do cotidiano do consumidor. Elas apareceram na década de 1970 e desde então viraram produto essencial, tanto para lojistas, já que são utilizadas como publicidade, quanto para o consumidor, pela boa aceitação e por se transformar em sacos de lixo, uma forma de economia doméstica.

“Hoje, independentemente do produto que o consumidor compra, pode ser até uma pilha, ele recebe uma sacola imensa. Utilizar sacos plásticos faz parte da nossa cultura e isso só mudará quando o consumidor deixar de aceitar essas embalagens”, disse o presidente da Abras, Sussumu Honda.

Para se ter uma idéia da dimensão do problema, uma sacola plástica pode demorar até 500 anos para se decompor. “Em outros países, como na Alemanha, esse problema já foi resolvido. Lá, o cliente que não levar a sua sacola para fazer compras, paga 0,06 euro por uma sacola pequena e 0,09 euro por uma grande. No Brasil, o consumo de sacolas plásticas não é uma questão de lei, mas sim de cultura. Na Alemanha, a embalagem retornável funciona muito bem. Aqui ainda estamos na era do descartável”, disse Sussumu.