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Roupas. A bagunça do número vai acabar

Guarulhos, 21 de setembro de 2007

A dificuldade para o consumidor encontrar roupa com numeração e modelagem iguais pode acabar no próximo ano. A Associação Brasileira de Vestuário (Abravest)) está incentivando as indústrias a adotarem uma padronização única para o setor, uma medida que era prevista desde 1996 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

Até agora, 60% das indústrias já se adequaram às novas medidas. Os outros 40% devem seguir a regra até 2008. O esforço para tornar a norma obrigatória é tão grande que os empresários já se movimentam para realizar uma grande queima do estoque dos modelos fora de padrão ainda neste ano. O otimismo é tanto, que o evento já tem até nome: Abravest Fashion Plaza.

Por enquanto, o único segmento que entrou em acordo para padronizar o tamanho de seus produtos foi o de meias. A norma aprovada abrange a fabricação do artigo para recém-nascidos, crianças, adolescentes, adultos dos sexos masculino e feminino, incluindo todos os tipos – soquetes, sapatilhas, meias 3/4 e 7/8, entre eles. Há ainda um projeto para criar normas para meias finas femininas e outro para as medicinais, incluindo a medição da compressão exercida, além das dimensões gerais do produto.

“O tamanho das meias estará em acordo com a forma usada nos calçados. Vai ficar mais fácil comprar com as novas medidas. Não vai haver erro, principalmente na hora de presentear”, disse a superintendente do Comitê Brasileiro de Têxteis e Vestuários, Maria Adelina Pereira. Em sua opinião, a norma não irá impor limites ao mercado ou impedir a criatividade no desenvolvimento de novos modelos, mas facilitará a vida do consumidor na hora da compra.

Vários tamanhos – A pajem Lucileide da Silva é uma das vítimas da dificuldade de acertar o número da roupa. “Estou levando duas bermudas. Uma é 42, a outra, 44. Já a saia é 46. Na verdade, nem sei qual é o meu manequim”, disse. O problema também atinge os homens. O estudante Felipe Ferreira adquire sempre camisetas tamanho grande. “Compro por causa da minha altura. Mas umas ficam justas e outras, largas.” O gerente de loja Saulo Souza Pinto reconhece as dificuldades dos consumidores porque “cada confecção trabalha com uma numeração muito diferente da outra.”

Apesar da movimentação da Abravest, a norma só será obrigatória tanto para os fabricantes quanto para o comércio varejista quando tiver, pelo menos, 90% de adesão das empresas. “Estamos discutindo o assunto e acertando alguns detalhes da normatização com os segmentos de moda masculina, feminina e infantil. Assim que tivermos a aprovação da maioria, iremos solicitar a fiscalização do Inmetro. Aí será obrigatória uma padronagem única”, explicou o presidente Roberto Chadad.

Para ele, com a padronização, o consumidor fará compras mais rápido, poderá adquirir peças pela internet sem medo porque todas as calças 36 terão o mesmo tamanho e haverá menos trocas. “A indústria e o varejo também sairão ganhando”, disse Chadad. “As indústrias terão redução de custos e poderão atender melhor as exportações. O varejo poderá aumentar as vendas e investir na comercialização pela internet. Isso sem falar na melhora da qualidade, que será percebida pelos clientes.”