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Brasil está mal colocado no ranking de patentes

Guarulhos, 10 de agosto de 2007

O Brasil perde espaço em inovação tecnológica e usa mal seus recursos destinados à ciência. Em seu levantamento anual, a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) aponta que, entre 2004 e 2005, o número de patentes pedidas no País caiu 13,8%, enquanto em praticamente todo o mundo aumentou. Hoje, um quarto de toda a tecnologia disponível no planeta já está nas mãos de apenas três países asiáticos: China, Japão e Coréia do Sul

Pelos dados de 2005, os últimos disponíveis, 600 mil patentes foram dadas a empresas e universidades em todo o mundo. Mas a concentração é grande: 74% delas estão no Japão, Estados Unidos, China, Coréia e Europa.

O caso mais impressionante é o da China. Entre 2004 e 2005, o país asiático aumentou 33% as patentes registradas. Em apenas dez anos, o número de patentes registradas se multiplicou por dez na China. Para a OMPI, isso prova que a China não seria mais apenas o país da pirataria, pois tenta desenvolver sua própria tecnologia. Na avaliação da OMPI, os números refletem as políticas do governo chinês de transformar o país em um centro de tecnologia.

O resultado é que o escritório de patentes da China já se tornou o quarto maior do mundo, superando a Europa. Apenas americanos, japoneses e coreanos ainda registram mais patentes que os chineses. “Há uma explosão de invenções na China e um número cada vez maior de empresas quer garantir a proteção a seus investimentos no país”, afirmou Francis Gurry, vice-diretor-geral da OMPI.

Desinteresse – No Brasil, porém, a situação é sombria. O número de patentes pedidas caiu 13,8% em 2005, a maior queda entre os 20 principais escritórios de patentes no mundo. No total, o Brasil recebeu 16,1 mil pedidos de patentes de fora do País em 2005, ficando em 13º no mundo. Concedeu 249 registros para empresas nacionais e 2,1 mil para estrangeiros. A redução foi de 1,8% em relação a 2004, ante aumento de 9,7% nos Estados Unidos e 16% na Coréia. Em 2005, a China recebeu 170 mil pedidos de patentes, concedendo 20 mil para nacionais e 32 mil para estrangeiros.

Mas a maior queda, no Brasil, se refere às patentes pedidas por estrangeiros, um indicador do interesse em investir em tecnologia. A redução nesse caso foi de 17,5%, a maior entre os 15 principais centros no mundo.

O País ainda conta com um dos piores índices de aproveitamento dos recursos à ciência no registro de patentes. Para cada US$ 1 milhão em ciência e tecnologia, 0,29 patentes são registradas no Brasil. Na Coréia, são 5 patentes para cada US$ 1 milhão gastos em ciência, 3,3 no Japão, 1,8 na Nova Zelândia e 1,5 na Rússia.

Com 5,6 milhões de patentes em vigor hoje no mundo, a OMPI admite que o sistema internacional está chegando ao limite. Hoje, um pedido de registro leva dois anos para ser aprovado nos Estados Unidos, onde 900 mil patentes esperavam a aprovação do governo americano em 2005. ( AE )