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Estrangeiros de olho no mercado de medição de água

Guarulhos, 15 de junho de 2007

O problema iminente da escassez de água está movimentando o mundo dos negócios

Empresas estrangeiras que oferecem sistemas e serviços de medição individualizada de água – que reduzem o consumo médio entre 20% e 40% – estão de olho no mercado nacional. A mais nova companhia a operar no Brasil é a alemã Ista, fundada há 103 anos e atuante em 25 países.

Cerca de R$ 1 bilhão foram investidos neste primeiro momento para implantar os serviços de fornecimento e instalação dos medidores, assim como leitura e gerenciamento do consumo. A estimativa para os próximos três anos é de investir mais R$ 10 milhões.

“Estudamos o mercado brasileiro durante sete anos e notamos que existe alta demanda pelo serviço, que, aliás, tende a crescer”, comentou o diretor de Desenvolvimento Corporativo da Ista, Darius O. Kianzad. Para ele, o consumo per capita de água no Brasil é “absurdamente elevado. Por isso, é preciso uma mudança na mentalidade da população em prol do uso racional”.

A empresa aposta em uma solução própria, apta a ser instalada em condomínios residenciais e comerciais, novos ou antigos. “Oferecemos o serviço completo, desde o fornecimento e a instalação até a leitura dos dados por radiofreqüência e o gerenciamento do consumo”, disse o diretor-geral da Ista Brasil, Marcos André Alves dos Santos.

O mecanismo consiste em uma conexão com um hidrômetro e módulos de comunicação que permitem a leitura remota dos dados por meio de radiofreqüência. O preço de lançamento, conforme assegura o executivo, ficará na média do mercado, isto é, em torno de R$ 500 por apartamento. A princípio, a tecnologia virá diretamente da Alemanha.

No próximo ano, a idéia é realizar parcerias com fornecedores locais para reduzir custos e valorizar a mão-de-obra local. Santos, no entanto, não afastou a possibilidade de a Ista montar uma fábrica em território nacional no futuro.

Experiência – Quem também acreditou no potencial do mercado brasileiro e já está comemorando os resultados é a alemã Techem, existente há 54 anos. Aqui no Brasil, a companhia começou a operar há nove meses e investiu cerca de R$ 1 milhão até dezembro do ano passado.

Para este ano, a estimativa é investir R$ 5 milhões. “Em breve, faremos uma revisão desse orçamento para cima, já que estamos registrando crescimento exponencial dos negócios”, declarou o gerente-geral da Techem no Brasil, Eduardo Lacerda.

Segundo ele, a empresa também está expandindo seu raio de atuação. “Estamos abrindo operações no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte e analisando os mercados argentino e chileno”, disse. A Techem também começou a fornecer seus equipamentos e serviços para condomínios em construção, conforme ressaltou Lacerda. O primeiro trabalho foi no Palais Imperial, do Grupo JRC, um edifício com 21 apartamentos de alto padrão localizado no Jardim Paulista, na zona sul da capital.

Individualismo – “A presença de medição individualizada, tanto de água como de gás nos condomínios novos, é um forte argumento de venda e marketing para as construtoras. Sem falar que diminui o valor de condomínio”, disse Lacerda. Segundo o executivo, em São Paulo, há 1,5 mil medidores instalados e gerenciados pela Techem.

O custo de um medidor instalado em um prédio preparado para receber a tecnologia (com uma só prumada) é de R$ 450 por apartamento. Já em um edifício não preparado, o custo é mais alto e passa de R$ 500 por ponto em cada unidade.

A individualização dos medidores por apartamento não interfere nas atividades da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), pois a leitura continua sendo feita em um único hidrômetro: o da entrada do prédio. Cabe à empresa fornecedora do serviço de medição ou à administração do condomínio a apuração dos consumos de cada unidade e a divisão do gasto de água de uso comum.