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Impostos passaram de 4,4% para 5,2%

Guarulhos, 02 de abril de 2007

A economia brasileira cresceu em 2006 mais do que o inicialmente informado, segundo dados revisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com base na nova metodologia, o Produto Interno Bruto (PIB) do País avançou 3,7% no ano passado, resultado 0,8 ponto percentual acima dos 2,9% medidos pelo sistema anterior.

Com a revisão, o PIB do Brasil em 2006 foi de R$ 2,32 trilhões. O PIB per capita cresceu 2,3%, para R$ 12,437 mil. Com o crescimento mais forte, principalmente no terceiro e quatro trimestres de 2006, as previsões para 2007, que estavam na média de 3,5% , estão sendo recalibradas para até 4,8%.

“Melhorou um pouco a qualidade do crescimento, mas ele ainda reflete o consumo das famílias e do governo se expandindo de
forma mais importante que a dos investimentos, o que é ruim porque não aumenta a capacidade produtiva, como era de se
esperar”, ponderou o economista da MB Associados, Sérgio Valle.

O IBGE também revisou a alta dos impostos sobre produtos como componente do PIB em 2006 de 4,4% para 5,2%. Esse conceito é bem mais amplo que o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), referindo-se à tributação em geral sobre bens e serviços. O aumento dos impostos em relação a 2005 foi bem superior ao crescimento dos setores produtivos, cuja média foi revisada de 2,7% para 3,5%. Sem a contribuição dos impostos, o crescimento do PIB teria sido 0,2 ponto percentual menor, tanto na metodologia antiga quanto na nova (na anterior, o crescimento, sem os impostos, teria sido de 2,7% e não de 2,9%; no cálculo novo, a expansão teria sido de 3,5% e não de 3,7%). Os impostos, portanto, puxaram o avanço do PIB em 2006, o que pode ser constatado mesmo antes da revisão metodológica da pesquisa do IBGE. Com a revisão, apenas os impostos sobre produtos somaram R$ 323,2 bilhões.

Todos os setores produtivos tiveram expansão inferior à alta dos impostos na nova série: agropecuária (4,1%), indústria (2,8%) e serviços (3,7%). No cálculo anterior do PIB, a agropecuária cresceu 3,2%; indústria, 3%; e serviços, 2,4%. “Pela oferta, os serviços foram os principais responsáveis pelo crescimento do PIB”, disse a gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. De acordo com o IBGE, pela série nova, o crescimento da arrecadação do Imposto de Importação em 2006 foi de 21,6%; do ICMS foi de 4,8%; e de outros impostos, de 3,5%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), responsável pelos investimentos em equipamentos e capacidade instalada, passou de 6,3% para 8,7% no ano passado. O IBGE também revisou para cima o consumo das famílias, de 3,8% para 4,3%; e do consumo do governo, de 2,1% para 3,6%.

O IBGE revisou para baixo a previsão das exportações de bens e serviços em 2006, de 5% para 4,6%. As importações de bens e serviços tiveram projeção mantida em 18,1%.

Crédito – Os resultados mostraram que o crédito teve uma importância maior para o desempenho da economia, no ano passado, do que a apurada anteriormente. Segundo observou Rebeca Palis, a nova metodologia captou melhor o efeito do crédito.

Os reflexos da expansão do crédito ficaram claros no subsetor de intermediação financeira e também nos grandes componentes do PIB como o setor de serviços, o consumo das famílias e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).

Rebeca explica que a nova contabilidade no desempenho dos aluguéis, do setor financeiro e da administração pública foi a principal responsável pela elevação do PIB do setor de serviços em 2006, com a introdução da nova série, de 2,4%, divulgados anteriormente, para 3,7% apresentados ontem. A expansão maior dos serviços foi o principal motivo para a revisão, para cima, no PIB do ano passado, de 2,9% para 3,7%, já que as mudanças no cálculo deste segmento se refletiram também no consumo do governo, das famílias e investimentos.

O área financeira teve um papel fundamental na mudança. Com a expansão do crédito no ano passado, mostrada de forma mais eficiente na nova série do PIB, o subsetor de intermediação financeira teve o crescimento em 2006 revisado de 2,6% para 6,3%. “Acreditávamos que a intermediação financeira crescia de acordo com o crescimento da economia, mas vimos que cresceu bem acima, por causa do volume do crédito”, disse Rebeca Palis. Além disso, a participação da intermediação financeira no PIB cresceu de 5,8% em 2004 para 6,8% em 2005 e 7,1% em 2006. A participação desse subsetor nos serviços foi de 10,7% para 11,1%.