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Implantação do BusTV no Brasil

Guarulhos, 06 de março de 2007

Monitores transmitem programação variada e, principalmente, propagandas. Equipamento só funciona com a tecnologia da empresa.

O vácuo deixado pela lei Cidade Limpa no setor da publicidade externa já está sendo ocupado. Um novo tipo de mídia promete fazer a cabeça do consumidor. Quatro investidores brasileiros compraram os direitos de uso da patente de um sistema português de mídia externa e vão investir R$ 20 milhões até o final do ano para a implantação do BusTV no Brasil.

A nova modalidade de divulgação já começou a transmitir publicidade e programação própria em televisões instaladas em 140 ônibus da capital, por meio de tecnologia Wi-Fi. Os responsáveis garantem que a chegada do BusTV, exatamente em meio à polêmica da retirada da publicidade externa, determinada pela Lei Kassab, é mera coincidência.

O fato é que, em São Paulo, o projeto encontrou campo fértil para se desenvolver. Toda a documentação para o início das atividades da BusTV ficou pronta em três meses. “Estávamos receosos com a burocracia brasileira, mas tudo foi organizado em tempo recorde”, afirmou o diretor de comunicação da empresa, João Coragem.

O projeto envolve 140 profissionais (um para cada ônibus atualmente em teste e essa proporção deverá continuar, segundo a empresa). O formato usado pela BusTV foi submetido a uma análise técnica e aprovado pela SPTrans em novembro de 2006.
Hoje, pouco mais de três meses depois, o BusTV já circula pelas ruas da cidade, com programação própria das 5h à meia-noite.

Segundo Coragem, o projeto está em fase de testes, mas a previsão inicial é atingir 20% da frota de 15 mil ônibus que circula pela cidade e cerca de 16 milhões de consumidores por quinzena.

Atingindo o consumidor num momento de maior concentração, a BusTV promete maior fixação da publicidade. A nova forma de mídia já pode ser conferida em algumas linhas. Monitores de LCD instalados nos veículos transmitem programação variada e principalmente, propagandas. Para garantir a qualidade da programação e evitar o excesso de anúncios a BusTV terá, no máximo, 10 anunciantes. Apesar do pequeno número, o peso dos anunciantes é considerável, entre eles McDonalds, Casas Bahia e Paramount Pictures.

O modelo é considerado um sucesso midiático em vários países, especialmente na comunidade ibérica. Em São Paulo, a empresa foi homologada pela SPTrans. Serão 250 instalações até o meio do ano e outras 500 até o fim de 2007. Além de São Paulo, ainda este semestre Rio e Curitiba receberão o novo modelo de propaganda. Segundo Coragem, no segundo semestre a BusTV poderá chegar a Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Campinas, Guarulhos e Osasco.

Sorte –A opção de começar o teste por São Paulo foi estratégica, de acordo com o diretor Coragem. Ele disse que a empresa pretendia entrar no Brasil apenas a partir de 2008 e montar na cidade seu escritório central para alavancar negócios em toda a América Latina. Mas investidores interessados no Brasil aceleraram o projeto. “Chegar ao Brasil neste momento não foi intencional. Os investidores sabiam do projeto de lei que regulamentaria a publicidade em São Paulo, mas não acreditavam que ele seria aprovado”, afirmou Coragem.

Em dois meses, a parte de hardware da BusTV desembarca na Zona Franca de Manaus. Para fugir dos impostos aduaneiros, que chegam a quase 100% do valor do investimento, a empresa decidiu produzir no Brasil. “Em vez de importar os monitores, vamos produzir em Manaus os aparelhos a serem utilizados em toda a América Latina”, afirmou Coragem.

Em cada ônibus são investidos, em média, R$ 15 mil reais em tecnologia de ponta. Todos os custos correm por conta da BusTV Brasil. O contrato da empresa de mídia é feito diretamente com as empresas responsáveis pelas linhas de ônibus. Segundo Coragem, o aspecto da segurança é um risco do projeto. “Mas não acreditamos que vá haver roubo de aparelhos. Eles só funcionam com a nossa tecnologia e retirá-los exige muito trabalho”, aposta o diretor.