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Alckmin quebra jejum

Guarulhos, 14 de janeiro de 2007

Depois de passar um período distante das discussões do País, o ex-governador de São Paulo, Gerado Alckmin, candidato derrotado do PSDB à presidência, quebrou ontem o silêncio e criticou o governo, a quem acusou de imobilismo, e cobrou da oposição uma postura dura em relação ao Planalto.

Segundo Alckmin, o governo começa mal por condicionar a formação do ministério à mesa da Câmara Federal. “Nós temos um governo que começa mal, porque condiciona a sua formação à eleição da mesa da Câmara. Isso é inadmissível”, disse o ex-governador, para uma platéia formada por alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Além disso, para Alckmin falta iniciativa para realizar as reformas necessárias, na visão dele, para que o País retome um crescimento mais vigoroso da economia. “Como pode um presidente pendurar as chuteiras antes do jogo começar? Onde está a reforma tributária, a fiscal, a política?”, questionou o ex-governador, derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas últimas eleições presidenciais.

Quanto ao papel da oposição, Alckmin disse que o momento é ruim e que os partidos oposicionistas têm que assumir a responsabilidade de promover a mudança. “O Brasil precisa ter uma oposição ambiciosa, cobradora, audaciosa”, disse ressaltando. “É tão patriótico ser oposição quanto ser governo.”

Para o ex-governador, o País precisa de um “chacoalhão” para crescer mais e a oposição tem um papel fundamental nesse processo. “Nós vivemos um momento ruim e a oposição tem responsabilidade. Temos que chacoalhar a roseira”.

Oposição – Ao discutir o papel da oposição no segundo mandato do presidente Lula, Alckmin defendeu que o embate com o governo federal fique a cargo do partido e dos parlamentares tucanos. Para ele, não é tarefa dos governadores fazerem a oposição ao Planalto.

Recentemente, analistas políticos consideraram que o discurso de posse do atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB), representou a assunção, pelo governante, do papel de principal opositor do governo federal. Além disso, Serra é visto como um dos presidenciáveis tucanos para 2010, assim como Alckmin. “Não é tarefa dos governadores fazer oposição. A tarefa dos governadores é a de fazer bons governos. A oposição cabe ao partido e ao parlamento”, disse o ex-governador.

“Positivas” e “rotineiras” – O ex-governador também avaliou como “positivas” e “rotineiras” as medidas de revisão de contratos e recadastramento de funcionários públicos estaduais, entre outras, adotadas pelo governador Serra. Alckmin também defendeu o próprio governo e negou que tenha deixado a administração estadual financeiramente fragilizada. “O governo tem em caixa R$ 3,9 bilhões. Só o Executivo. Quando o governador Mário Covas assumiu, tinha R$ 38 milhões em caixa e R$ 2 bilhões em dívida”, disse, ressaltando ainda que, se somada a disponibilidade em dinheiro de fundações, autarquias e demais órgãos da administração indireta, o governo de São Paulo conta hoje com mais de R$ 10 bilhões em caixa.

“Medidas de gestão são sempre necessárias. É um trabalho ininterrupto”, afirmou. Ele disse que não havia, no mandato dele, qualquer descontrole que pudesse resultar numa quantidade grande de funcionários públicos fantasmas.