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Israel intensificou ontem os bombardeios contra o Líbano

Guarulhos, 18 de julho de 2006

Diário do ComércioPelo sexto dia consecutivo, Beirute foi bombardeada pela aviação israelense. Pelo menos 50 pessoas morreram. Com isso, elevam-se para 210 as mortes nos ataques no Líbano (das quais 196 eram civis). Mais de 500 ficaram feridas.

Israel corre para destruir arsenal do Hezbollah, depois que um míssil atingiu Haifa. Libaneses e estrangeiros tentam deixar área do conflito.

Caças-bombardeiros israelenses também atacaram as colinas de Rachaya al-Fujar, na zona oriental do sul do Líbano, e a região de Baalbeck, no leste do país. As regiões, conhecidas por abrigarem escritórios do Hezbollah, foram abandonados nas primeiras horas da ofensiva israelense, pouco depois de as milícias do partido xiita terem capturado dois soldados do Exército de Israel.

Ao mesmo tempo, o grupo islâmico libanês Hezbollah prosseguiu com os ataques contra o norte israelense, que já mataram 24 pessoas (12 civis) e feriram mais de cem. Mais de 40 foguetes caíram em cidades e vilarejos perto da fronteira libanesa. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas.

A força aérea israelense destruiu ontem pelo menos um míssil de fabricação iraniana com alcance de mais de 160 km, 40 a mais do que os 120 necessários para atingir a maior cidade de Israel. Os israelenses descobriram que haviam destruído o míssil Zilzal (“terremoto”, em árabe) por acaso, quando a TV libanesa transmitiu imagens de um objeto em chamas.

O fogo cruzado fez com que França, Estados Unidos, Grã-Bretanha e outros países mobilizassem esforços para retirar seus cidadãos do Líbano, fretando barcos para resgatá-los. Muitos estrangeiros saíram por terra para a Síria. O aeroporto de Beirute, bombardeado, está desativado. Libaneses também tentam sair da zona de conflito pela Síria.

Diplomacia – A intensificação das ofensivas de ambos os lados mobilizou as atenções da comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, propuseram o envio de uma força internacional de paz ao sul do Líbano e a Rússia ofereceu um contingente militar. O cessar-fogo parece muito longe de se concretizar porque nem os EUA – um dos países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU – nem Israel nem o Hezbollah modificaram suas posições quanto aos pressupostos para uma solução diplomática. Autoridades de todos os outros países também se manifestaram.

O primeiro discurso do premier israelense, Ehud Olmert, desde o começo do conflito foi duramente criticado por especialistas. A expectativa era a de que a fala desse legitimidade a Olmert a conduzir o país num momento de guerra. Segundo o jornalista Ari Shavit, do jornal Haaretz , entretanto, o texto lido por Olmert no plenário do Knesset (o parlamento), em Jerusalém, não conseguiu sensibilizar os israelenses para a guerra. No discurso, Olmert listou duas condições para o fim dos bombardeios israelenses no Líbano: a libertação dos dois soldados israelenses seqüestrados na semana passada pelo Hezbollah e o afastamento da guerrilha libanesa da fronteira com Israel.

Brasileiros – Em meio ao conflito, um grupo de 122 brasileiros saiu de Beirute e seguiu para a cidade de Adana, na Turquia. De lá, os brasileiros interessados seguiriam para o Brasil. A saída do avião – um Boeing 707 da Força Aérea Brasileira, o antigo Sucatão da Presidência da República – estava previsto para as 21h15. Eles devem chegar hoje em Cumbica O cônsul-geral do Brasil em Beirute, Michael Gepp, informou, com base em dados recolhidos em agências de turismo, que havia entre 300 e 500 brasileiros em no Líbano antes do início dos ataques. O número de brasileiros natos ou naturalizados no país é estimado em 70 mil.